Para iniciar tramitação, texto da reforma tributária precisa de adaptações, indica representantes goianos
26 julho 2020 às 16h16
COMPARTILHAR
Parlamentares de Goiás na comissão responsável pelo tema são unânimes ao considerar que a pauta deve estar entre prioritárias
Com quase um ano de espera, o Governo Federal apresentou nesta semana o que foi chamado de primeira etapa da proposta de reforma tributária. Entre os goianos na comissão responsável por discutir o tema, ainda há incertezas sobre a configuração necessária para iniciar tramitação.
Ao chegar ao Congresso na última terça-feira, 21, o texto do ministro da Economia, Paulo Guedes, se junta a outras dois já apresentados desde o segundo semestre de 2019. Entre as características similares entre eles estão as dúvidas e o cabo de guerra de interesses, com mais de duas pontas.
[relacionadas artigos=”210448″]
Em entrevista ao Jornal Opção, o senador Luiz do Carmo (DEM) criticou a escolha do governo em apresentar a matéria por partes. “Vem uma parte e logo vem outra? Queremos tudo de uma vez e não por etapa”, destacou o parlamentar que faz parte da comissão mista responsável pelo assunto.
Sobre as principais propostas apresentadas pelo Executivo, Luiz do Carmo apontou a falta de clareza na proposta que unifica PIS/Cofins para bancos. “Está errado, o banco trabalha com capital”, considerou o senador, que acrescenta esperar inclusão de itens como equilíbrio fiscal que atenda a população de baixa renda.
Discussão
Menos crítico ao texto apresentado pelo governo, o deputado Glaustin Fokus (PSC) considera que mesmo com unificação de impostos para bancos, por exemplo, não haveria configuração de menos carga tributária. “Bancos e grandes empresas deixando de pagar um novo imposto não significa privilégios”, apontou.
Assim como Luiz do Carmo, Glaustin acredita que a pauta deve estar entre prioridades do parlamento, considerada por eles como a reforma que pode auxiliar o país no enfrentamento da provável crise econômica gerada pela pandemia de Covid-19.
“Mais do que nunca o Brasil passa por uma quebradeira e com insegurança jurídica. Empresários e investidores estão esperando por respostas”, afirma o deputado Glaustin, que acrescenta outro ponto de convergência sobre a matéria: “Queremos uma reforma que atenda a expectativa e que simplifique os tributos”.
Ainda sobre a importância da pauta, o senador Luiz do Carmo cobra o fato de que já não há mais espaço fiscal para socorro aos municípios devido a pandemia. “O que o governo podia fazer pela pandemia em termos fiscais já foi feito. Mesmo assim ainda está faltando hospital, faltando UTI, governo nenhum consegue”, destaca.
Possível mistura de textos
Sobre a necessidade de simplificação do sistema, ponto de convergência entre os parlamentares goianos, Glaustin lembra que no Brasil, empresas gastam 2 mil horas com cálculos e pagamento de impostos, contra 200 da média de países desenvolvidos. “Eu vejo que é o momento para tocar a matéria. O Congresso está disposto e desprovido de egos”, pontua.
Dessa forma, o deputado diz acreditar que a tramitação pode ser iniciada com texto misto, com elementos das propostas já apresentadas. ´”É o que nós estamos acreditando”, afirma Glaustin, que finaliza destacando haver necessidade de adaptações do texto à realidade dos estados do Centro-Oeste, prejudicados em um dos textos apresentados no ano passado, que não equilibraria itens como a flexibilidade de incentivos fiscais.