Papa Francisco exige que bispos nunca escondam escândalos de pedofilia
05 fevereiro 2015 às 14h28

COMPARTILHAR
Às vésperas de primeira reunião da Comissão Pontifícia de proteção de menores, papa afirma que na Igreja não há lugar para quem abusa de crianças e adolescentes
O papa Francisco exigiu nesta quinta-feira (5/2) aos bispos que nunca escondam os escândalos de pedofilia na Igreja.
“Não se pode dar prioridade a qualquer tipo de consideração, seja de que natureza for, como, por exemplo, a vontade de evitar o escândalo, porque não há qualquer lugar, no ministério da Igreja, para quem abusa de menores”, disse o papa, numa carta publicada na véspera da primeira reunião, no Vaticano, da comissão de peritos para a proteção de menores.
O papa acrescentou que “as famílias devem saber que a Igreja não se poupa a qualquer esforço para proteger as crianças e que elas têm o direito de estar na Igreja com total confiança, porque é uma casa segura”.
Francisco pediu às instâncias locais para “reverem regularmente” os procedimentos para esses casos. Os procedimentos foram instaurados em 2011, depois de uma circular enviada durante o pontificado de Bento XVI.
A Comissão Pontifícia de proteção de menores foi criada pelo papa em 2013.
“A Comissão vai ser um novo, válido e eficaz instrumento para ajudar a promover e pôr em prática as medidas necessárias para garantir a proteção de menores e adultos vulneráveis, e dar respostas de justiça e misericórdia”, escreveu o papa.
Finalizada em dezembro, com oito novos membros oriundos da África, da América Latina e da Ásia, a comissão é presidida pelo cardeal norte-americano Sean O’Malley e conta com 17 membros, incluindo duas vítimas, o britânico Peter Saunders e a irlandesa Marie Collins.
A comissão, cuja reunião começa na próxima sexta-feira (6/2) e segue até domingo (8/2), vai começar por redigir os seus estatutos. A prevenção, a educação e a aplicação de boas práticas em toda a Igreja serão as áreas de atuação.
A imagem da Igreja Católica sofreu duramente, nos últimos 20 anos, com a revelação de que milhares de crianças e adolescentes foram vítimas de abusos sexuais cometidos por padres, sobretudo na Irlanda e nos Estados Unidos, entre os anos 1960 e 1990.
Apesar das recentes medidas do Vaticano, as associações de vítimas continuam criticando o papa e a Santa Sé, especialmente pela manutenção da confidencialidade dos inquéritos internos.