Padre da Igreja Católica diz a fiéis que está apaixonado e abandona a batina
14 abril 2021 às 10h28
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Assim como o Padre Amaro, do romance de Eça de Queiroz, o padre Riccardo mantinha um relacionamento com uma mulher antes mesmo de deixar a Igreja Católica
Quem não conhece o romance “O Crime do Padre Amaro”, do escritor português Eça de Queiroz? (Alerta: o Fabrício “Rachadinha” Queiroz não é seu parente). Quem não leu o romance por certo viu o filme. Pois bem: o Padre Amaro, sem vocação religiosa, tinha outra vocação: a paixão sexual. O religioso seduziu Amélia. Quando a jovem engravidou, com o objetivo de evitar escândalo, o padre a enviou para o campo. Depois, sob recomendação de Amaro, uma “tecedeira de anjos” matou a criança. Pode-se falar, então, em dois crimes? Talvez. Primeiro, há a quebra do voto de celibato clerical. Mais indisciplina do que crime, por certo. Mas, para muitos, era um crime. Segundo, o assassinato, como mandante, do próprio filho.
A vida imita a arte? Às vezes.
O padre italiano Riccardo Ceccobelli, de 41 anos, difere em parte do Padre Amaro. O italiano decidiu contar aos fiéis, durante uma missa, que estava deixando a Igreja Católica porque havia se apaixonado (como Amaro, ao se apaixonar era padre, ainda não deixara a batina). “Meu coração se apaixonou”, explicou o sacerdote da diocese de Todi, no centro da Itália. Era considerado um bom padre e, inclusive, respeitoso. Ele faz o estilo galã meio hippie.
A Igreja Católica suspendeu o padre. Ao bispo Gualtiero Sigismundo, o padre Riccardo disse: “Meu coração se apaixonou. Nunca tive a possibilidade de trair as promessas que fiz, mas quero tentar viver esse amor”.
Gualtiero Sigismundo disse: “Agradeço a dom Riccardo por todo serviço prestado até agora. E, em primeiro lugar, envio-lhe meus mais sinceros votos para que esta decisão, tomada em plena liberdade como ele mesmo me disse, garanta-lhe paz e serenidade”.
“Não consigo ser coerente, transparente e correto com (a Igreja) como tenho sido até agora”, reconheceu, segundo o comunicado.
O curioso é que o relacionamento do padre Riccardo com uma mulher — que não teve o nome revelado — era conhecido de toda a cidade. Há aí ecos do Padre Amaro. É provável que, apesar dos salamaleques, o religioso tenha sido obrigado pela cúpula da Igreja Católica a deixar a batina.