Padaria “raiz” perde espaço e dá lugar a loja “gourmet”

Se adaptando às transformações do comércio, a velha padaria deixou de ser apenas um lugar para comprar lanches, para se tornar uma espécie de empório. Elas evoluíram e se adaptaram à rotina e ao gosto do público mais exigente. Atualmente, o segmento estendeu o horário de pico para os períodos vespertino e noturno, agregaram novos produtos não perecíveis, mudaram o ponto comercial para avenidas com maior fluxo de trânsito e, com isso, ampliaram a abrangência geográfica da clientela.

Em Goiânia, capital que abriga mais de 1,4 milhões de moradores, conforme o Censo 2022, existem 2.490 padarias em funcionamento. Ou seja, uma padaria para cada 577 goianienses. O levantamento foi realizado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

“As empresas precisavam mudar, viram a necessidade de evoluir para sobreviver. A padaria que não oferecia café da manhã passou a ter, começou a oferecer almoço. Antes ninguém ia almoçar em uma padaria, mas hoje é uma realidade. É uma onda. Quando uma começa a fazer, a outra também faz para não ficar para trás. Porém, a gente não quer perder a nossa característica”, afirmou o presidente do  Sindicato das Indústrias de Panificação e Confeitaria no Estado de Goiás (Sindipão), Marcos André.

Marcos conta que a tendência é que os empresários migrem para o “alto comércio”, oferecendo serviços como de pizzaria e de produtos derivados do milho. A migração, inclusive, daria espaço para que pequenos empresários entrem no setor. Somente no primeiro semestre de 2023, de acordo com o Sebrae, foram abertas 265 novas padarias na capital. Todas de pequeno porte, sendo 225 microempreendedores individuais (MEI), 35 microempresas (ME) e cinco empresas de pequeno porte (EPP).

“Ainda há espaço para crescimento, evolução. Isso depende da necessidade do cliente. É com a sobrevivência que o mercado vai evoluindo”, disse. 

Padaria serve Yakisoba

Uma das empresárias que aderiram à evolução das padarias é Natália Alves. No ramo há cerca de 25 anos, Natália conta que começou oferecendo o básico: pão, pão de queijo, biscoitos, roscas, entre outros. Porém, teve que promover melhorias no estabelecimento e abrir o leque de produtos ofertados na empresa.

Hoje, além dos alimentos básicos da padaria, a empresária também oferece sanduíches, patês, produtos de higiene e se prepara para lançar o famoso prato japonês Yakisoba (macarrão), tornando o local em uma espécie de conveniência. 

 “Fazemos pizza recheada para o cliente assar em casa ou a gente assa na hora, além de pão de queijo e croissant congelados. Tudo era muito simples na padaria. Devido às mudanças na rentabilidade, a gente precisou mudar. Se não mudarmos para acompanhar o mercado, não temos margem de lucro”, concluiu.