Oruam vira réu por tentativa de homicídio contra policiais civis; defesa fala em “abuso de autoridade”
30 julho 2025 às 17h08

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A Justiça do Rio de Janeiro aceitou denúncia do Ministério Público contra o rapper Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, conhecido como Oruam, e o amigo dele, Willyam Matheus Vianna Rodrigues Vieira. Ambos agora são réus por tentativa de homicídio qualificado contra policiais civis, em caso que remonta à noite de 21 de junho, no Complexo da Penha.
A juíza Tula Corrêa de Mello, da 3ª Vara Criminal, considerou procedente a acusação de que os dois teriam lançado pedras de quase 5 kg da varanda da casa do artista contra agentes que haviam apreendido um adolescente suspeito de tráfico e roubo. Um policial foi atingido nas costas; outro precisou se abrigar. A magistrada também expediu novo mandado de prisão preventiva contra o cantor, que já está preso.
Segundo o MPRJ, os réus agiram com dolo eventual, ou seja, assumiram o risco de matar, em um episódio que pode ser enquadrado na Lei dos Crimes Hediondos. A Promotoria ainda destaca que os ataques ocorreram contra servidores em serviço, com uso de meio cruel e motivo torpe.
Vídeos do incidente mostram Oruam esmurrando um carro da polícia antes da retirada da equipe. Além da agressão física, o artista fez publicações nas redes sociais incitando a violência contra as forças de segurança e desafiando abertamente a atuação da polícia na região.
Oruam já respondia a sete outros crimes, entre eles tráfico de drogas, associação ao tráfico, resistência qualificada, dano qualificado e lesão corporal. A denúncia por tentativa de homicídio amplia significativamente o escopo judicial contra o artista.
Defesa nega crime
A defesa de Oruam nega que tenha havido tentativa de homicídio. “Mauro não atentou contra a vida de ninguém, e isto será devidamente esclarecido nos autos do processo que trata dos fatos”, declarou o advogado do rapper, ainda em julho, quando a investigação foi aberta.
A versão apresentada pela equipe jurídica sustenta que o artista reagiu em “momento de extremo desespero e legítima defesa”, alegando ter sido ameaçado com armas de fogo, agredido com socos e empurrões, e que a casa foi revistada sem justificativa. “Jogou pedras nos mais de 20 carros descaracterizados que estavam em sua porta após ser agredido”, diz a nota da assessoria.
A defesa também questiona a legalidade da operação. Segundo os advogados, a polícia atuou sem mandado válido, com veículos descaracterizados e fora do horário permitido — o que, segundo eles, configura abuso de autoridade. “Tal comportamento constitui uma afronta ao Estado Democrático de Direito, criando uma narrativa distorcida e ilegal, com o objetivo de criminalizar um artista que, na verdade, é um legítimo cidadão.”
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