Uma operação coordenada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) resgatou 33 trabalhadores em situação análoga à escravidão na Paraíba. De acordo com a fiscalização, as vítimas atuavam em obras da construção civil nos municípios de João Pessoa e Cabedelo.

Os trabalhadores foram encontrados em situação degradante, alojados no interior dos edifícios em construção, em meio a materiais de obra, sem segurança, conforto, privacidade ou condições mínimas de higiene.

Na primeira obra fiscalizada, o alojamento destinado a 12 trabalhadores era um cômodo coletivo de alvenaria crua, sem reboco, com fiação exposta e precária. As camas eram improvisadas, com colchões velhos, manchados e, muitas vezes, sem roupas de cama. Sob e ao redor das camas havia acúmulo de materiais de construção, ferramentas e baldes de tinta, transformando o espaço de descanso em um verdadeiro depósito.

Já no segundo local, auditores encontraram 17 trabalhadores dormindo em um cômodo ainda em construção, com paredes de tijolos expostos e painéis de madeira precários, sem isolamento térmico ou proteção contra intempéries. Devido a constantes alagamentos, alguns trabalhadores dormiam fora dos alojamentos. A iluminação era feita por lâmpadas penduradas, com fiação exposta, o que aumentava o risco de choques elétricos e incêndios. Havia ainda um segundo cômodo minúsculo, onde quatro trabalhadores estavam amontoados, sem ventilação, sem espaço para circulação e sem condições mínimas de higiene.

O Ministério embargou três obras devido às condições de grave e iminente risco à saúde e à segurança dos trabalhadores.

Os trabalhadores resgatados foram encaminhados para o recebimento de três parcelas do seguro-desemprego especial e levados aos órgãos municipais de assistência social para atendimento prioritário.

A operação alcançou um total de 99 trabalhadores, sendo que 17 deles estavam sem registro na Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS). Ao todo foram pagos R$ 160 mil em verbas rescisórias aos trabalhadores resgatados.

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