Operação Monte Carlo: Francisco Queiroga confessa exploração de jogos ilegais
26 maio 2014 às 19h43
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O acusado repassava 60% do lucro obtido à associação criminosa chefiada por Carlinhos Cachoeira. A confissão ocorreu durante audiência nesta segunda-feira
Durante a primeira rodada de interrogatórios da instrução criminal do caso Cachoeira na tarde desta segunda-feira (26/5), o irmão de José Olímpio Queiroga, Francisco Marcelo de Souza Queiroga, confessou ao juiz federal substituto Francisco Vieira Neto o seu envolvimento no esquema comandado pelo empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
O réu era proprietário de um estabelecimento que explorava jogos ilegais em Valparaíso, no entorno de Brasília. Com a prática ilegal, Francisco repassava, por meio de seu irmão, 60% do lucro obtido à cúpula da associação criminosa. Olímpio, apontado como o principal articulador do esquema de Cachoeira na região, foi condenado a 23 anos e 4 meses de prisão, mas ganhou o direito de recorrer da sentença em liberdade.
Em depoimento, o acusado alegou desconhecer o envolvimento de agentes da Polícia Militar (PM) ou da Polícia Civil (PC) com o grupo. Entretanto, confirmou que seu estabelecimento nunca foi alvo de qualquer ação de fiscalização e controle por parte das corporações.
Também foi ouvido na tarde desta segunda-feira o administrador Claudio Kratka, que atuava como um agiota para o grupo. Conforme a denúncia, ele recebia cheques dos clientes das casas de jogos, ficava com uma parte e depois depositava o restante, em dinheiro, nas contas das empresas administradas pela família Queiroga. Em depoimento, o réu negou as acusações. “Não sabia que ele trabalhava com jogos ilegais. Ele me apresentou sua empresa de construção, e eu pensava que os cheques vinham das empresas dele”, alegou.
Último a ser ouvido na audiência, Adriano Aprígio de Souza, ex-cunhado de Carlinhos Cachoeira e suposto laranja do contraventor, negou qualquer envolvimento com a associação criminosa que explorava jogos ilegais no Estado. “As empresas que estão no meu nome nunca tiveram valores elevados em transição”, alegou quanto ao fato de possuir 39 imóveis registrados em seu nome.
Adriano Aprígio chegou a ser preso no início de 2012 acusado de ter enviado e-mails com ameaças para a procuradora da República Léa Batista de Oliveira, uma das responsáveis pela deflagração da Operação Monte Carlo. Sobre o episódio, o réu alegou estar fora de si na ocasião, não medindo as consequências de sua ação.
Além de Queiroga, Kratka e Aprígio, também foram ouvidos outros sete réus apontados na denúncia como facilitadores do esquema comandado por Cachoeira, como é o caso do policial militar Marco Aurélio Barbosa da Costa. Conforme a denúncia, o agente teria deixado de atuar em casos de exploração de jogos ilegais no município de Valparaíso, além de repassar informações privilegiadas da PM para integrantes da associação criminosa.
Em sua defesa, Marco Aurélio alegou que as acusações são falsas e que sempre atuou em casos do gênero, a não ser quando recebeu ordens superiores de que estaria proibido de intervir neste sentido. Com a ressalva, o réu referia-se à recomendação da então Secretaria de Segurança Pública (SSP) que coibia a atuação de PMs no combate à contravenção na região do Entorno.
Audiências
Os interrogatórios da instrução criminal do caso Cachoeira irão prosseguir até a próxima quinta-feira (29/5), quando o juiz Francisco Vieira definirá se os acusados irão ou não a julgamento. Dos mais de 50 réus citados na denúncia, 36 estão sendo ouvidos no prédio da Justiça Federal em Goiás, localizado no centro de Goiânia. Os demais acusados serão interrogados em seus respectivos municípios, por meio da apresentação de cartas precatórias.
Entre os réus listados para os interrogatórios desta terça-feira (27), estão o coronel Sérgio Katayama, o delegado Aredes Correia e o ex-diretor da Delta Cláudio Abreu.