Bando que atuava em mais de 30 países há cerca de três décadas também queria constituir empresa aérea. Líder que morava em Goiás segue foragido

Foram presas até a manhã desta segunda-feira (26/5) mais quatro pessoas suspeitas de envolvimento com a quadrilha internacional de drogas alvo da Operação Águas Profundas, deflagrada pela Polícia Federal e pela Receita Federal na última sexta-feira (23), quando ao menos outros dois suspeitos foram presos em Goiás, além dos mandados cumpridos em mais seis Estados, entre os quais Minas Gerais e São Paulo.

O bando atuava em pelo menos 30 países por pelos menos três décadas. O líder do grupo estava residindo em Goiatuba (a 176 km de Goiânia), mas conseguiu fugir. De acordo com o delegado da PF Bruno Gama, havia a confirmação até a última semana que ele permanecia no Brasil, por isso as ações de cerco estão concentradas ainda no país, com destaque para os Estados de Goiás, São Paulo e Minas Gerais. O chefe da quadrilha também está na lista de procurados pela Interpol (Organização Internacional de Polícia Criminal).

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Na manhã desta segunda-feira já foram cumpridos 85 mandados de busca e apreensão e quatro de prisão em Goiás e em outros seis Estados. Treze veículos foram apreendidos, sendo que desde a semana passada a quadrilha encontra-se com 46 imóveis, entre casas, lotes, hotéis e fazendas avaliados em mais de R$ 80 milhões bloqueados. Há também valores em contas bancárias e notas em euro cujo montante ainda não foi divulgado.

A operação

Segundo as investigações, o grupo faturava mais de R$ 5 milhões semanais com as ações ilegais. Para facilitar o transporte de mercadorias, a quadrilha havia concluído o planejamento para a construção de um submarino e pretendia criar uma empresa aérea para voos internacionais. Os traficantes mantinham atividades em cerca de 30 países, entre eles EUA, China, Espanha, França e África do Sul.

De acordo com o delegado Bruno Gama, responsável pela operação, o grupo fechou uma mineradora na África para viabilizar a construção do submarino no local, com a ajuda de engenheiros colombianos. A ideia era transportar a droga de Venezuela para o Suriname, onde ela seria colocada em pequenas embarcações e levadas para a África, de onde seguiria para a Europa.

A ambição de montar uma empresa aérea, no entanto, não foi concretizada. Eles iriam utilizá-la para poder transportar as mercadorias ilegais entre diferentes países sem levantar suspeita. O delegado destaca o profissionalismo da quadrilha: “Sempre coordenada por um líder, o qual coloca em prática os mesmos princípios da economia de mercado, com a utilização de diversos mecanismos contábeis, comerciais e cambiais, sempre visando o maior lucro possível e a redução constante de custos”, disse.