Entre tantas frases de efeito citadas por Odete Roitman desde que a nova versão de Vale Tudo entrou no ar, em março deste ano, em seu suposto último dia de vida, não poderia ser diferente. A atriz Débora Bloch, que deu vida à personagem, ao justificar que perdoava a irmã Celina, interpretada por Malu Galli, mostrou mais uma vez porque sua Odete é diferente da icônica Odete vivida por Beatriz Segall na trama original, escrita pelo dramaturgo e autor de novelas Gilberto Braga.

A Odete da autora Manuela Dias, ao se despedir, disse ao marido César, vivido por Cauã Reymond, que a dona da TCA é “altamente viciante” e, antes de ser atingida por um tiro certeiro no coração, a empresária, que uma vez disse que “ser chique é ser único”, avisou antes de partir para o andar debaixo: “ninguém tem coragem de matar Odete Roitman”.

Teoricamente, alguém teve coragem e puxou o gatilho. Mas o tiro na parede da suíte mais cara do Copa (Copacabana Palace), cuja diária custa 40 mil reais — e que para Odete é dinheiro do cafezinho —, entregou os planos da diretora e da Rede Globo para a Odete do século 21.

Refazer Vale Tudo, a novela mais marcante da teledramaturgia brasileira, faz parte das comemorações do Grupo Globo pelos seus 100 anos, mas, para os telespectadores que esperavam a cópia fiel da Vale Tudo de 1988, foi preciso se habituar à Vale Nada de 2025, já que a novela foi completamente alterada pela autora Manuela Dias. Ninguém sabe se foi um pedido da direção da casa ou se ela teve liberdade de criação. O fato é que foram tantas mudanças que é bem capaz de o falecido Gilberto Braga ser o autor do “crime do ano”: o assassinato da Odete “gourmet” que Débora Bloch interpreta esplendidamente.

Nos últimos dias, as redes sociais fervilharam com a hipótese de que Odete, com a ajuda de Freitas, personagem de Luis Lobianco — que, ao se despedir de Odete, fez um discurso cheio de códigos nas entrelinhas —, e a ex-secretária da empresária, Consuelo, deliciosamente vivida por Belize Pombal, que foi promovida à diretora da TCA nos últimos capítulos, e justamente no dia da morte de Odete, teve sua chefe presenteando-a com um aumento significativo de 470% no salário, estariam envolvidos no mistério.

Essas são as pistas deixadas no caminho por Manuela “Agatha Christie” Dias, que conseguiu trazer à novela um ar de thriller e tensão, onde uma simbiose fatal — pra lá de suspeita — pairou sobre o capítulo mais eletrizante de Vale Tudo/2025, entre a “plebe” e a “high society”, aos 45 do segundo tempo. Aí tem.

Por isso, não se engane: a falecida pode estar mais viva do que nunca. E nem a Globo nem Manuela Dias querem que você descubra quem matou a vilã das vilãs. Até porque seria um desperdício repetir o mesmo suspense após tantas modificações. O que pouca gente entendeu até agora é que, na verdade, a pergunta que fica não é “Quem matou Odete Roitman?”, mas, em nome da Globo, “Quantos e quantas Odete enganou?”

Dessa vez, quem estará no jatinho dando uma banana para o Brasil não será Marco Aurélio de Gilberto Braga, interpretado por Reginaldo Faria, mas a própria Odete Roitman. THE END.

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