Odebrecht afirma ter acordado pagamento de R$ 50 milhões a Aécio Neves
19 março 2017 às 14h05
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Repasse foi acertado depois que a empresa venceu, junto com a Andrade Gutierrez, leilão para construção da hidrelétrica Santo Antônio, em Rondônia, em 2007
Na mesma semana em que o relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, arquivar menções ao senador Aécio Neves (PSDB-MG) nas delações do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, ele voltou a ser alvo de depoimentos dos envolvidos. Desta vez, do ex-presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, preso desde 2015.
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Segundo Marcelo, foi feito um acordo em que Aécio receberia R$ 50 milhões em propina, sendo que R$ 30 milhões seriam pagos pela empreiteira que ele comandava e os outros R$ 20 mil, pela Andrade Gutierrez. O senador acertou o repasse depois que as empresas venceram leilão para construção da hidrelétrica Santo Antônio, em Rondônia, em dezembro de 2007.
Apesar de não ser em Minas Gerais, estado governado por Aécio por dois mandatos, a hidrelétrica é também comandada pela Companha Energética de Minas Gerais (Cemig) e pela empresa Furnas, na qual o senador teria influência. A obra foi leiloada em 2007, quando ele ainda governava Minas.
A influência de Aécio em Furnas já foi apontada antes por outros delatores, como o ex-deputado Roberto Jefferson, o doleiro Alberto Youssef e o ex-senador Delcídio do Amaral. Além destas duas empresas, completam o quadro de controladoras da Santo Antônio o Fundo da Caixa Econômica, a Saag, da Andrade Gutierrez, e a Odebrecht Energia.
Esta é uma das acusações que integram lista de pedidos de abertura de denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), entregues ao STF no último dia 14. De acordo com o depoimento de Marcelo e de outros empreiteiros, as empresas aceitaram pagar as altas quantias para ter uma boa relação com as outras administradoras da obra, além de garantirem o trânsito com um político que poderia, na opinião delas, crescer nacionalmente.
Ainda de acordo com os delatores, os acertos seriam descritos como contribuições do PSDB. Aécio nega as acusações, diz que a obra foi realizada apenas pelo Governo Federal, sem a participação do estado de Minas Gerais e afirma que não tinha influência sobre o ex-diretor de Furnas, Dimas Toledo, apontado como seu aliado.