O nascimento de um bebê em Nerópolis, registrado com ele segurando um dispositivo intrauterino (DIU), despertou dúvidas sobre a eficácia desse método contraceptivo. Em entrevista ao Jornal Opção, o obstetra Diego Rezende explicou que, embora o episódio tenha ganhado repercussão nas redes sociais, trata-se de um evento raríssimo. O médico também detalhou em quais circunstâncias o DIU pode apresentar falhas.

“O DIU, seja hormonal ou de cobre, é um método extremamente eficaz, seguro, que garante uma proteção contra a gravidez superior a 99%”, explicou Rezende. “Mas ele não é infalível. Nenhum método contraceptivo é totalmente isento de falhas”, completou.

O médico ressaltou que a associação com preservativo não aumenta a eficácia contraceptiva do DIU, embora seja fundamental para evitar infecções sexualmente transmissíveis (DSTs). “O preservativo tem uma eficácia inferior ao DIU. Quando usado em conjunto, não aumenta a proteção contra a gravidez, mas é essencial para a prevenção de doenças”, pontuou.

Rezende frisou que a falha do DIU ocorre em uma proporção muito baixa. “A gente estima menos de uma falha a cada mil gestações. É algo excepcional, por isso chama tanto a atenção quando acontece e vira notícia”, afirmou.

Sensacionalismo

Sobre a imagem do bebê segurando o dispositivo, o médico esclareceu que não se trata de um contato ocorrido ainda no útero. “Dentro do útero, o bebê não tem contato direto com o DIU. Ele está protegido pela bolsa amniótica, que reveste o útero e contém o líquido amniótico. Esse contato só ocorreria após a ruptura da bolsa. Na maioria das vezes, essas fotos são estratégicas para chamar a atenção”, destacou.

Rezende também alertou para a importância do acompanhamento médico após a inserção do dispositivo. “O DIU pode falhar principalmente quando está fora do lugar. Por isso, é essencial que a mulher faça ultrassonografias e consultas de acompanhamento para confirmar se o dispositivo está bem posicionado”, explicou. Além do DIU, o obstetra lembrou de outros métodos contraceptivos eficazes.

“Temos o implante hormonal, colocado no braço, que também oferece mais de 99% de eficácia, além dos métodos irreversíveis como a laqueadura e a vasectomia. Em seguida, vêm os métodos de eficácia intermediária, como pílula, injetável, anel e adesivo. Já os que apresentam maior taxa de falha são os métodos de barreira, como o preservativo”, concluiu.

(Foto: médico Diego Rezende | Foto: Arquivo pessoal)

O caso

Um vídeo gravado no Hospital Sagrado Coração de Jesus, em Nerópolis, chamou a atenção nas redes sociais nos últimos dias. Nas imagens, um recém-nascido aparece segurando um DIU logo após o parto.

A cena, publicada pela médica Natália Rodrigues, responsável pelo nascimento, já soma mais de 40 mil visualizações. O registro foi feito após o parto de Matheus Gabriel, filho de Queidy Araújo de Oliveira.

A mãe usava o DIU de cobre havia dois anos, com acompanhamento regular, mas mesmo assim engravidou. Apesar das complicações durante a gestação, o bebê nasceu saudável.

Ao compartilhar o vídeo, a médica brincou: “Segurando meu troféu de vitória: o DIU que não deu conta de mim!”. Ela também destacou que nenhum método contraceptivo é 100% eficaz.

Leia também: Em Goiás, bebê nasce segurando DIU e vídeo viraliza; assista