A divulgação de um vídeo pela influenciadora Brenda Sá, usando uma camisa com uma estampa controversa de sua marca Criações Gênesis, gerou uma onda de críticas por sua conotação racista. A peça exibe a imagem de uma mão negra e uma mão branca se tocando, acompanhada da frase “Não se contamine!”, o que levou diversas entidades defensoras da igualdade racial a se posicionarem contra a marca.

Repercutindo amplamente nas redes sociais, o vídeo com Brenda e seu noivo, ambos vestindo a camiseta e se preparando para ir à igreja, foi posteriormente removido do Instagram da influenciadora. Ela também limitou os comentários em suas publicações, e o perfil da marca foi colocado como privado. No entanto, a controvérsia sobre a estampa, associada à ideia de “contaminação” pela cor da pele, rapidamente chamou a atenção de grupos e organizações de defesa dos direitos humanos.

A acusação de racismo veio, entre outras, do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial de Petrópolis (Compir), que recebeu denúncias sobre o caso. Em uma reunião realizada no dia 26 de novembro, o Conselho emitiu uma nota de repúdio, afirmando que a estampa “configura um ato de racismo”, ferindo os direitos de igualdade e dignidade fundamentais para a sociedade. A associação entre a cor da pele e a ideia de “contaminação”, segundo o Compir, é uma representação simbólica inaceitável.

Entidades como o coletivo Educafro, que atuam no município, também se manifestaram contra a marca, considerando a estampa uma forma de “racismo estrutural”. O grupo, que luta contra a discriminação racial em Petrópolis, afirmou em nota que a imagem de uma mão negra tocando uma mão branca “representa uma clara associação com a ideia de sujeira e contaminação”, estigmatizando negativamente a cor escura da pele.

Nota de repúdio da Educafro Petropolis – Núcleo Sebastiana Silva, no Instagram | Foto: Redes Sociais

Além disso, a Comissão de Igualdade Racial e a Comissão de Direitos Humanos da OAB de Petrópolis e São José do Vale do Rio Preto também criticaram o uso da estampa. Para as comissões, a associação entre a cor da pele e a “contaminação” é uma afronta aos direitos humanos e um insulto à luta por igualdade racial. Ambas as entidades consideraram inaceitável que atitudes publicitárias racistas ainda encontrem espaço para circulação, seja por descuido ou intenção, e cobraram medidas de reparação.

As comissões da OAB pediram que a marca se desculpasse publicamente e que adote ações concretas para evitar novas situações semelhantes. Além disso, sugeriram que o Ministério Público e a Polícia Judiciária investiguem o caso para apurar responsabilidades jurídicas e administrativas relacionadas à veiculação da estampa.

Resposta da marca e medidas corretivas

Diante da repercussão negativa, a Criações Gênesis se manifestou por meio de um pedido de desculpas publicado em seu Instagram. A marca afirmou que seu objetivo não foi promover qualquer tipo de preconceito ou discriminação. Confira na íntegra:

“Nosso objetivo nunca foi, nem jamais será, propagar qualquer tipo de preconceito ou discriminação. Ratificamos nosso compromisso com os princípios cristãs que guiam nossa marca. Devido a isso, tomamos as seguintes providencias.

1- A retirada imediata da estampa em questão de todos os nossos canais de venda.

2- Uma revisão completa do nosso processo de criação e aprovação de estampas.

3- Investimento em treinamentos de conscientização para nossa equipe.

Seguiremos trabalhando para garantir que nossa marca seja um reflexo genuíno do amor de Cristo e uma ferramenta para unir, e não dividir, as pessoas.

O nosso setor jurídico encontra-se a disposição para esclarecer eventuais questionamentos.”

A influenciadora, Brenda Sá, até o momento não ne manifestou. A reportagem entrou em contato com ela, mas até o momento não tivemos retorno.  

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