O romance Sátántangó, de László Krasznahorkai, deu origem ao grande filme de Béla Tarr

13 outubro 2025 às 11h08

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O prêmio Nobel de literatura acaba de ser dado ao húngaro László Krasznahorkai – autor de um romance cujo título poderia ser traduzido como o tango de satã, mas que muito acertadamente permaneceu como Sátántangó na edição brasileira da Cia das Letras. A tradução é do médico e psicanalista Paulo Schiller.
O livro foi transformado em um filme com mais de sete horas de duração pelo também húngaro Béla Tarr – com a participação direta do escritor na elaboração do roteiro.

Numa mensagem rápida pelo WhatsApp, logo que anunciado o ganhador, um amigo sugeriu que, não podendo premiar o filme, à academia sueca ocorreu premiar o livro que lhe deu origem. Não que o livro e seu autor sejam desmerecedores do prêmio. Ao contrário. Mas a obra levada ao cinema tem a marca das grandíssimas obras primas.
Que ninguém se assuste com os seus 447 minutos de duração e suas longuíssimas e lentíssimas sequências. Trata-se para o espectador de uma experiência cinematográfica praticamente impossível de ser interrompida desde o momento em que se inicia.

É quase como uma hipnose – essa é pelo menos uma das maneiras de frui-la. Deixar-se entregar aos encantos da narrativa, seus ritmos e sons.
Passado o impacto inicial, novas camadas de força nos atraem de novo para a experiência – e de novo, e de novo.