O motivo que levou as principais companhias aéreas do Brasil entrarem com pedido de recuperação judicial

28 maio 2025 às 18h30

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A Azul Linhas Aéreas entrou com pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos nesta quarta-feira, 28, juntando-se à Gol e à Latam Brasil, que também recorreram ao processo nos últimos anos. A medida chama atenção para a grave crise enfrentada pelo setor aéreo brasileiro.
A Gol Linhas Aéreas iniciou o processo de reestruturação em janeiro de 2024, com dívidas estimadas em cerca de R$ 20 bilhões. A empresa trabalha atualmente para sair da recuperação judicial após ter seu plano aprovado pela Justiça norte-americana.
Já a Latam Brasil, impactada fortemente pela pandemia, entrou com o pedido em 2020 e conseguiu se recuperar. As companhias utilizaram o Capítulo 11 da Lei de Falências dos EUA, mecanismo que permite manter as operações enquanto reorganizam suas finanças e renegociam dívidas.
Segundo especialistas do setor e economistas, a combinação de fatores econômicos internos e externos explica o aumento no número de recuperações judiciais no setor aéreo. Veja os principais:
1. Impactos da pandemia de Covid-19
A pandemia provocou a queda abrupta na venda de passagens aéreas, primeiro por conta das medidas de isolamento e, depois, pela perda de poder aquisitivo da população.
2. Alta do dólar e custos operacionais
Boa parte das despesas do setor, como aluguel de aeronaves, peças e manutenção, é feita em dólar. A valorização da moeda norte-americana e o aumento da taxa de juros elevaram significativamente os custos das empresas.
3. Preço elevado do combustível de aviação
O querosene de aviação (QAV), que representa até 40% do custo de uma passagem aérea, teve alta expressiva. Além disso, o combustível no Brasil é um dos mais caros do mundo por conta da elevada carga tributária.
4. Desvalorização do real
A oscilação cambial afetou diretamente o balanço das companhias, já que suas receitas são majoritariamente em reais, mas muitas despesas estão atreladas ao dólar.
5. Concorrência por preços baixos
A competição por tarifas mais acessíveis pressiona as margens de lucro das companhias, dificultando a geração de caixa suficiente para cobrir os custos e os investimentos.
Ao contrário dos Estados Unidos e da Europa, onde linhas de crédito especiais foram disponibilizadas para o setor aéreo, o Brasil não ofereceu suporte semelhante no pós-pandemia. Isso agravou a situação das empresas, que tiveram que recorrer à Justiça para se manterem operando.
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