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Quando os Beatles começaram a cantar ao vivo, deve ter sido empolgante. Cantar as músicas dos ídolos do rock e as de sua autoria para o público em delírio era a realização do sonho de qualquer menino. A Beatlemania foi aquela loucura. John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Sttar não poderiam andar por aí sem uma multidão de fãs e fotógrafos atrás deles. O desembarque nos Estados Unidos, em 1964, com o aeroporto lotado de gente era a coroação daqueles garotos. Eles conquistaram o mundo.

Em 1966, as coisas começaram a mudar. Aliás, os próprios Beatles começaram a mudar. Cantar para um público em delírio já não trazia a mesma empolgação de antes. Os gritos das meninas incomodavam os ouvidos dos Beatles e não apenas os dos policiais. Eles não se ouviam no palco. O corre-corre das turnês começou a encher o saco. A viagem para o Japão e as Filipinas foram tensas e as ameaças recebidas causaram preocupação. Além disso, outra mudança aconteceu na música. Os Beatles queriam paz para compor suas músicas, produzir seus discos, fazer experimentos com novos sons. As novas músicas não poderiam ser tocadas ao vivo, pois ninguém as ouviria e não se podia levar os aparelhos do estúdio para o palco.

Os Beatles estavam decididos a encerrar um ciclo na carreira e não mais fazer turnês e shows ao vivo. Eles cumpririam a agenda já programada e pronto. No dia 29 de agosto de 1966, a banda se apresentou no Candlestik Park em São Francisco, Califórnia. A última turnê pelos EUA foi marcada pela repercussão da entrevista que John Lennon fez meses antes no qual afirmava que os Beatles eram mais famosos que Jesus Cristo. Foi um bafafá. Por outro lado, foi uma libertação.

A agenda livre permitiu voos mais altos e, não é atoa, depois dessa pausa nas turnês, veio o Sgt Pepper’s Lonely Hearts Club Band. Realmente a parada nas turnês fez um bem danado para os Beatles.