O total de mortos durante a Operação Escudo chegou a 27, nesta segunda-feira, 4. A operação foi anunciada oficialmente como uma estratégia de desmantelamento de redes do narcotráfico, mas tem recebido críticas, por gerar suspeitas de que se trata de retaliação a comunidades periféricas da Baixada Santista.

A Operação Escudo teve início após a morte do policial Patrick Bastos Reis, das Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota), da Polícia Militar, em 27 de julho. A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP) tem reiterado que as mortes ocorreram como resultado de confrontos entre as vítimas e agentes das forças policiais.

O clima de desconfiança quanto à conduta dos policiais militares chegou ao Ministério Público de São Paulo, que instaurou um inquérito civil na tutela dos direitos humanos, para verificar se há ilegalidade ou não na operação.

As dúvidas extrapolaram o estado e motivaram o Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) a também elaborar um relatório, a partir de denúncias que recebeu de violações de direitos que teriam sido cometidas. O teor do documento foi antecipado pela Agência Brasil e divulgado na última sexta-feira (1º), em evento na sede paulista da Defensoria Pública da União (DPU).

A reportagem soube de um grupo de jovens que, logo após deixar o evento na DPU, foi abordado por policiais militares, e recebeu ameaças por participar da audiência e, por conseguinte, questionar a atuação da corporação na Operação Escudo. A Agência Brasil questionou a Secretaria da Segurança Pública sobre o ocorrido e aguarda retorno.

Em relação à operação em si, a pasta sustenta que “todos os casos de morte decorrente de intervenção policial são investigados minuciosamente pelo DEIC [Departamento Estadual de Investigações Criminais] de Santos e pela Polícia Militar por meio de Inquérito Policial Militar”.

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