Novo vírus da dengue é detectado em Goiás
05 maio 2022 às 21h16

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O genótipo cosmopolita do sorotipo 2 da dengue só havia sido encontrado anteriormente na Ásia, Pacífico, Oriente Médio e África
Segundo informações do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e do Laboratório Central de Saúde Pública de Goiás (Lacen-GO), pela primeira vez no Brasil, o genótipo cosmopolita do sorotipo 2 do vírus da dengue foi detectado. A identificação foi realizada em fevereiro em uma amostra referente a um caso ocorrido no final de novembro em Aparecida de Goiânia. Esse é o segundo registro oficial nas Américas, após um surto no Peru, em 2019. O genótipo só havia sido detectado anteriormente na Ásia, Pacífico, Oriente Médio e África. A linhagem é considerado a mais disseminada no mundo.
O vírus causador da dengue possui quatro sorotipos – 1, 2, 3 e 4. Cada um pode ser subdividido em diferentes genótipos, ou linhagens, devido à presença de variações genéticas. O genótipo cosmopolita é uma das seis linhagens do sorotipo 2 do patógeno. Segundo os pesquisadores, a chegada dessa nova cepa é preocupante, pois existe a possibilidade de disseminação de forma mais eficiente do que a linhagem que atualmente circula no país, que é a asiático-americana, também conhecida como genótipo 3 do sorotipo 2.
“Ainda não sabemos como será a proliferação do genótipo cosmopolita no Brasil. Mundialmente, ele é muito mais distribuído e causa mais casos do que o genótipo asiático-americano, que circula no Brasil há anos. O quadro global indica que a linhagem cosmopolita tem capacidade de se espalhar facilmente”, afirma o coordenador da pesquisa, Luiz Carlos Júnior Alcantara, pesquisador do Laboratório de Flavivírus do IOC/Fiocruz.
De acordo com os pesquisadores não há associação da nova linhagem e o aumento de casos de dengue em Goiás neste ano. “Os dados mostram que o surto de dengue em Goiás não é causado pelo genótipo cosmopolita”, declara Alcantara, acrescentando que a dengue tem comportamento cíclico no Brasil, que se relaciona com diversos fatores ligados ao vetor e ao vírus, assim como às condições climáticas e de vida da população. Os estudiosos afirmam também que será possível agir de forma eficaz para conter a disseminação da variante, visto que a identificação da nova cepa foi rápida.