‘Novo Marcola’: líder de bando paulista é autor de chacina contra membros do PCC
01 dezembro 2024 às 12h59
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Autointitulado “Novo Marcola”, Anderson Ricardo de Menezes, o Magrelo, é o chefe da quadrilha Bonde do Magrelo – responsável por protagonizar um banho de sangue na disputa pelo controle do tráfico em Rio Claro, no interior paulista. O criminoso ganhou notoriedade pela disputa violenta com o Primeiro Comando da Capital (PCC), maior facção da América Latina, cujo líder máximo é Marcos Willians Herbas Camacho – o Marcola.
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Além de ser investigado pelo envolvimento em pelo menos 30 homicídios, resultantes da guerra com membros do PCC, Magrelo foi condenado recentemente por lavagem de dinheiro. Para isso, ele usou uma empresa de engenharia, com CNPJ atualmente inativo, e também comprou carros de luxo, entre eles um Porsche – prática comum no crime organizado.
No processo de lavagem de dinheiro, que corre em sigilo, o juiz Caio César Ginez Almeida Bueno referendou a denúncia do Ministério Público de São Paulo (MPSP) e condenou Magrelo, em 1º de outubro, a 10 anos, um mês e um dia de prisão em regime fechado.
Magrelo está atrás das grades desde maio do ano passado, quando foi capturado por policiais militares, em cumprimento a um mandado de prisão, que o flagraram usando documento falso em Borborema, a cerca de 210 km de distância de Rio Claro. Mesmo com o líder preso, a quadrilha segue atuando e expandindo as ações criminosas em São Paulo.
O cenário, inclusive, fez com que o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de São Paulo (MPSP) deflagrasse uma operação contra o bando em Rio Claro, Americana e Santa Bárbara d’Oeste — todas no interior paulista.
Com apoio de policiais federais e militares, o Gaeco apreendeu, na ocasião, três veículos de luxo – Ram Rampage, BMW X4 e um Audi A3 –, além de duas armas de fogo, computadores, celulares, documentos de empresas, anotações, máquinas e cartões bancários.
As investigações também relacionaram Magrelo a um Porsche e a uma caminhonete Amarok, além de identificar que o criminoso teria usado empresas — entre elas a de engenharia — para movimentar mais de R$ 33,8 milhões. O valor foi usado como base para o MPSP pedir o sequestro de bens do alvo
Chacina
Em novembro, cinco criminosos morreram na guerra entre o Bando do Magrelo e o PCC. No total, foram quatro mortes decorrentes de uma chacina, praticada em retaliação à execução de outro criminoso na véspera.
A mais recente baixa dessa guerra foi a de Israel Henrique Francisco, de 35 anos, que morreu na madrugada de sexta-feira, 29, após quase seis dias internado. Ele foi ferido a tiros no dia 23 do mês passado, juntamente com outros três membros do PCC.
Os quatro integrantes da maior facção criminosa do Brasil foram executados como vingança pela morte de Daniel de Paula Sobrinho, 29, o Vovô, ligado ao Bonde do Magrelo, cerca de 12 horas antes da chacina. Foram mortos Gabriel Lima Cardoso, de 26 anos, Marcelo Henrique Ferreira, 27, José Cláudio Martins Nunes, 50, e Israel, quando conversavam em frente a um terreno.
Marcelo correu pela calçada e foi morto com um tiro na cabeça e outro na nuca, morrendo na rua. No meio do terreno estava o corpo de José Cláudio, com cinco tiros no peito, dois na cabeça e um na nuca.
Gabriel conseguiu ir um pouco mais longe, pulando o muro do terreno – no qual José foi morto –, mas foi alcançado e executado com cinco tiros na cabeça e um no joelho direito. Ele foi encontrado em uma rua, usada pelos pistoleiros para fugir. Israel também foi atingido por tiros e hospitalizado, não resistindo aos ferimentos. A polícia não teve tempo de colher o depoimento dele.
Em frente ao terreno no qual as vítimas conversavam, policiais encontraram, após a chacina, munições intactas de calibre 9 milímetros e um carregador prolongado. Até o momento, ninguém foi preso.