Durante um mergulho próximo à Baía de Monterey, na Califórnia, pesquisadores se depararam com um achado: três novas espécies de peixe-caracol, também conhecidos pelo nome em inglês, snailfish. Filmados e coletados a mais de 3 mil metros de profundidade, esses animais surpreenderam pela diversidade e, principalmente, pela aparência fofa e simpática de um deles, o peixe-caracol rugoso (Careproctus colliculi), que rapidamente conquistou a atenção da equipe.

O estudo que descreve oficialmente as espécies foi publicado na revista científica ‘Ichthyology & Herpetology’. Além do rugoso, os cientistas identificaram o peixe-caracol-escuro (C. yanceyi) e o peixe-caracol elegante (Paraliparis em), todos encontrados em profundidades que variam entre 3.268 e 4.119 metros.

A fofura nas profundezas

Entre os três novos integrantes, o peixe-caracol rugoso conquistou um lugar especial no coração dos pesquisadores. Pequeno, de coloração rosana, corpo gelatinoso e dotado de uma grande cabeça, ele transmite uma aparência que os cientistas descreveram como amigável. 

Veja vídeo:

Para a bióloga Mackenzie Gerringer, principal autora do estudo, o primeiro contato com os animais foi marcante. “Quando observei mais de perto os espécimes, fiquei muito surpresa com quão diferente esses dois indivíduos eram. Eles não eram um adulto e um jovem da mesma espécie – são muito diferentes, tanto morfologicamente quanto geneticamente”, afirmou em entrevista ao IFLScience.

Os peixes-caracol pertencem à família Liparidae, conhecida por reunir mais de 400 espécies distribuídas em ambientes bastante distintos. Alguns vivem em poças rasas formadas pela maré, enquanto outros desafiam a vida em regiões abissais, onde a pressão é esmagadora, a luz solar não chega e a temperatura é extremamente baixa.

Peixe-caracol rugoso | Foto: MBARI/Ichthyology & Herpetology

Ainda assim, conseguem se adaptar e prosperar. O segredo está nos 22 raios espalhados por suas nadadeiras peitorais, que funcionam como verdadeiros sensores. Esses raios permitem tanto executar manobras delicadas quanto perceber vibrações na água, uma forma de comunicação e orientação em um mundo sem luz.

Segundo os cientistas, as três novas espécies revelam não apenas a variedade do grupo, mas também como a vida marinha segue surpreendendo mesmo em locais já considerados amplamente estudados. “O fato de duas espécies ainda não descritas de peixes-caracol terem sido coletadas no mesmo local, no mesmo mergulho, em uma das partes mais bem estudadas do mar profundo no mundo, mostra o quanto ainda temos a aprender sobre o nosso planeta”, conclui Gerringer.

Leia também:

Planalto Esporte Clube estreia com time feminino no Goianão 

Prefeito de Caçu exonera esposa de cargo público