A professora da Universidade Federal de Goiás (UFG) e coordenadora do Fórum Estadual de Educação de Goiás (FEEGO), Lueli Duarte, teve seu nome aprovado para ocupar vaga no Conselho Estadual de Educação (CEE). A aprovação da docente para a posição aconteceu em plenária na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) após articulação dos deputados petistas Bia de Lima e Mauro Rubem. 

O nome de Lueli foi aprovado após polêmica envolvendo o deputado estadual Amauri Ribeiro (UB). O parlamentar havia votado contra a nomeação da professora durante sessão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), em setembro de 2024, acusando-a de ser simpatizante da “ideologia de gênero”. Agora, com a votação em plenária, a docente foi autorizada a assumir a posição no CEE. Sua nomeação já foi divulgada no Diário Oficial do Estado, e a posse acontece na próxima sexta-feira, 17.

Em entrevista ao Jornal Opção, Lueli se diz feliz com a nomeação para o cargo no conselho. Ao reforçar os agradecimentos a Bia de Lima (PT) e Mauro Rubem (PT), devido às articulações nos bastidores, a docente afirma que “é muito importante que a gente tenha deputados que têm essa proximidade com as nossas pautas da educação, que são sensíveis às nossas questões, para que possam levar adiante os nossos pleitos, ou seja, lutar junto conosco”. 

Lueli entra no conselho por indicação do Fórum Estadual de Educação. A lei complementar que rege o órgão reserva indicações de outros órgãos, como a Secretaria de Estado de Educação, por exemplo. 

Leia também: CCJ da Alego, guiada por Amauri Ribeiro, veta nome de Lueli Duarte para Comissão Estadual de Educação

Investigado por atos de 8 de janeiro de 2023, Amauri Ribeiro quer anistia para envolvidos

Atuação 

Ao ser questionada sobre a postura que adotará enquanto conselheira, Lueli afirma que vai participar ativamente das comissões de Educação Básica e também do Ensino Superior. Segundo a docente, sua atuação será “muito voltada para a melhoria do nosso ensino público, da oferta, das questões de acesso, e discutir as questões de permanência”. 

Por fim, a professora fala em criar uma “rede” envolvendo a Secretaria de Educação, o Fórum Estadual de Educação e o Conselho Estadual de Educação, fortalecendo a integração entre governo e sociedade civil. “A gente está buscando pavimentar esse diálogo, construir essas pontes e esse diálogo respeitoso, cuidadoso, responsável e, se for o caso, crítico com a Secretaria de Estado, porque isso é parte do processo democrático”, finalizou. 

Entenda o caso 

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) vetou, em setembro de 2024, o nome da professora Lueli Duarte para compor a Comissão Estadual de Educação (CEE). Na ocasião da sabatina feita com a docente, o deputado estadual Amauri Ribeiro (UB) orientou pelo veto porque, segundo ele, a professora seria simpatizante da “ideologia de gênero”. 

Lueli Duarte foi escolhida,através de votação presencial e verbal, para representar o Fórum Estadual de Educação (FEE) no conselho. A professora é presidente do FEE, membro da Federação Nacional de Educação (FNE) e já foi presidente do Fórum Nacional de Diretores de Faculdades, Centros e Departamentos de Educação das Universidades Públicas Brasileiras (ForumDir). 

Em entrevista ao Jornal Opção, a docente explica que a motivação para o veto ao seu nome na CCJ da Alego foi de natureza “ideológica” e “política”. Lueli explica que as primeiras perguntas feitas à ela, durante a sabatina na Assembleia (pelo deputado Amauri), foram se ela se identificava como uma mulher de esquerda ou de direita, e em quem ela havia votado na última eleição para presidente. “Isso não tem absolutamente nada haver com minha indicação”, resumiu a indignação.

A professora explica ainda que a acusação de simpatia com “ideologia de gênero” veio após a defesa que a docente fez ao livro “O avesso da pele”, de Jeferson Tenório. O deputado Amauri teria mencionado o livro durante a sabatina, colocando-o como “pornográfico” e recomendando sua exclusão dos quadros das escolas. 

“Ele [o livro] tem passagens com um ou outro parágrafo que faz menção às questões da sexualidade humana, como tantos outros livros”, afirmou, antes de afirmar que o tema principal da obra é o racismo estrutural. Após o veto considerado arbitrário, a docente recebeu apoio de diversas instituições de ensino em todo o país.