No Zimbábue, exército mantém família presidencial sob custódia
15 novembro 2017 às 09h46
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Comunicado lido por porta-voz descarta tomada militar e garante que o presidente Robert Mugabe está a salvo
O presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, está preparando a renúncia enquanto negocia para que sua mulher Grace saia do país, diante da intervenção militar que alimenta os rumores de um possível golpe de Estado, informou nesta quarta-feira (15/11) a emissora de televisão sul-africana News24.
Segundo o canal, que antecipa que nesta quinta-feira (16/11) à tarde será feito um anúncio a respeito do assunto, o Exército mantém a família presidencial e toda a guarda sob custódia.
Os rumores sobre o paradeiro de Mugabe e o seu futuro dispararam nas últimas horas, depois que ontem à tarde vários tanques foram vistos se dirigindo à capital do país, Harare.
O movimento ocorre apenas um dia depois que o chefe das Forças Armadas, Constantine Chiwenga, advertiu que “medidas corretivas” seriam tomadas se prosseguisse o expurgo de veteranos no partido de Mugabe, de 93 anos, e no poder desde 1980.
Por enquanto, alguns meios de comunicação afirmam que Mugabe e sua família se encontram sob prisão domiciliar, enquanto outras informações indicam que teria fugido do país.
As especulações contrastam com o silêncio do principal jornal do regime, que se limitou a destacar que o comunicado lido por um porta-voz militar ontem à noite na televisão pública – controlada agora pelo Exército – descarta uma “tomada militar” do governo e assegura que Mugabe se encontra “a salvo”.
Enquanto isso, o jornal independente NewsDay informou hoje que foram detidos três ministros que estariam por trás da facção do partido governante, que defende a expulsão de veteranos da guerra de independência para abrir caminho a uma eventual substituição no poder a favor da primeira-dama, Grace Mugabe.
Além disso, o presidente da juventude do partido de Mugabe, a União Nacional Africana de Zimbábue-Frente Patriótica (Zanu-PF), e o número 2 dos serviços de inteligência também foram detidos, enquanto outras informações asseguram que o diretor da polícia também poderia ter sido preso pelos militares.
No centro da tensão se encontra a destituição, na semana passada, do vice-presidente Emmerson Mnangagwa, que também se postulava como sucessor de Mugabe e que fugiu para a África do Sul, de onde emitiu comunicado. “Em breve, controlaremos as molas do poder nos nossos belos partido e país”, afirma.