No Senado, ministro da defesa propõe votação paralela com cédula de papel
14 julho 2022 às 20h58
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Nesta quinta-feira (14), as Forças Armadas apresentaram uma proposta para que, além da votação nas urnas eletrônicas, haja a contagem de votos feitos em cédulas de papel, nas eleições deste ano. A sugestão foi feita pelo próprio ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, durante audiência convocada por Eduardo Girão (Podemos-CE), senador da base governista.
A proposta dos militares é de que seja instalada uma segunda urna para “teste de integridade” do equipamento e também uma votação em cédula de papel, com objetivo de checar se a urna registrou o mesmo número que foi marcado na folha física. O ministro sugeriu ainda que a votação em papel seja feita por servidores da Justiça Eleitoral ou por eleitores convidados. A justificativa, segundo os militares, é aumentar o grau de segurança e descartar possíveis ameaças, como interferência no hardware da urna eletrônica.
Para o presidente da Comissão de Combate à Desinformação e Corrupção Eleitoral da OAB Goiás, Samuel Balduíno, a proposta é inócua. “O TSE já faz testes de integridade durante o processo eleitoral. No dia das eleições, faz a amostragem das urnas eletrônicas designadas para as seções eleitorais”, explica.
Ainda segundo Balduíno, caso colocada em prática, a proposta geraria custo e trabalho grande e desnecessário, sem garantia de efetividade. “O que garante que o eleitor não vai digitar um número na urna e outro na cédula? Quem tiver intenção de causar problemas no processo eleitoral pode votar em um candidato na urna e em outro no papel, só para que haja divergência. É mais uma porta aberta para fraude. Fraude esta que, até hoje, nunca foi comprovada nas urnas eletrônicas”, alerta.
Em agosto do ano passado, a Câmara dos deputados rejeitou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Voto Impresso. De autoria da deputada Bia Kicis (PL-DF), o texto pretendia incluir um módulo de voto impresso ao lado das urnas eletrônicas. A PEC teve 218 votos contra, 229 a favor e uma abstenção. Eram necessários pelo menos 308 posições favoráveis para que a tramitação do texto continuasse.