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“Chacrinha continua
Balançando a pança
E buzinando a moça
E comandando a massa
E continua dando
As ordens no terreiro
Alô, alô, seu Chacrinha
Velho guerreiro
Alô, alô, Terezinha
Rio de Janeiro
Alô, alô, seu Chacrinha
Velho palhaço
Alô, alô, Terezinha
Aquele abraço”

Gilberto Gil mandou aquele abraço para o mais tropicalista de todos os apresentadores da televisão brasileira: Abelardo Barbosa, o Chacrinha. Seja com a sua discoteca, seja com o seu cassino, Chacrinha comandava a massa apertando sua buzina, chamando a “Terezinha” e jogando “o bacalhau da Elke Maravilha”. As chacretes eram um show a parte.

Chacrinha abria espaço para calouros. Se o candidato não ia bem, da-lhe buzina no ouvido. Ele fazia vários concursos bizarros como “O homem mais feio do Brasil”. Se tinha gente nova e gente feia, os artistas consagrados também passavam pelo programa. Roberto Carlos, Raul Seixas, as novas bandas do rock nacional. Quando não estava gravando no Teatro Phenix, no Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, Chacrinha lotava o Maracanãzinho.

Nos anos 1980, Chacrinha foi contratado pela Globo. José Bonifácio Sobrinho, o Boni, recordou em seu livro as brigas que teve com o apresentador por causa do tempo excedido do programa. Em 1989, a saúde de Chacrinha não ia bem e o jovem João Kleber dividia a apresentação com o Velho Guerreiro.

Eu não lembro do programa dele. Só lembro bem vagamente do Jornal Nacional noticiar a sua morte. Foi em 30 de junho de 1989. Além de ser o mais tropicalista dos apresentadores, Chacrinha era também um grande frasista: “Na televisão, nada se cria, tudo se copia”, “Eu não vim pra explicar, eu vim pra confundir”.