Nível de isolamento social é o pior desde início da pandemia, segundo Datafolha

17 maio 2021 às 18h15

COMPARTILHAR
Dados coletados pela pesquisa mostram que 30% dos brasileiros adultos estão isolados ou só saem quando inevitável

Pesquisa Datafolha realizada entre os dias 11 e 12 de maio deste ano, em 146 municípios brasileiros, mostrou que o nível de isolamento social, atualmente, é o mais baixo desde o início das restrições para tentar controlar os avanços da pandemia de Covid-19. De acordo com os dados coletados, três em cada 10 brasileiros adultos (30%) estão isolados ou só saem de casa quando inevitável. O maior nível de isolamento ocorreu em abril de 2020, quando este índice atingiu 72%. Em março deste ano, o isolamento chegou a 49%.
Nesta segunda-feira, 17, o presidente Jair Bolsonaro chamou de “idiotas” os brasileiros que obedecem o isolamento social e as medidas de restrição para conter a disseminação da Covid-19. Ele, ainda, enalteceu o agronegócio afirmando que “se o campo tivesse ficado em casa, tinha morrido de fome”. Mesmo com a CPI da Covid, que apura negligências do governo federal em relação à pandemia, o presidente tem, constantemente, disparado provocações contra prefeitos e governadores que adotam medidas restritivas, e o STF, que deu autonomia para que os entes tomassem tais decisões.
Dos 30% que só saem de casa quando inevitável, 2% disseram não sair de casa em hipótese alguma. Em março, este índice chegou em 8%. Já em abril de 2020, o percentual era de 18%. Os que disseram sair apenas quando inevitável somam 28%. Em março, o registro era de 41%. Já o grupo que afirmou sair de casa para trabalhar e fazer outras atividades, mas tomando cuidados, atingiu 63%, o maior índice desde o início da pandemia, quando o grupo representava 47%. Outros 7% afirmaram que seguem normalmente a vida, sem alteração da rotina por conta do coronavírus.
Entre aqueles que têm acima de 60 anos, o índice de total isolamento é maior, chegando a 4%. Em março, 12% dessa faixa de idade afirmou não sair de casa. Já o grupo que sai somente quando inevitável e que tem cautela em relação à saúde, entre pessoas de 16 a 24 anos, somam 19%. Já entre os maiores de 60, chega a 49%. Levantamento da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib) mostrou que a morte saltou de 13,1% entre pessoas de 18 a 45 anos, internadas em UTI, entre setembro e novembro, para 38,5%, entre fevereiro e março deste ano.
Do grupo daqueles que afirmam sair de casa para trabalhar e realizar outras atividades, tomando cuidado (63%), os maiores índices são entre homens (68%) e mulheres (58%), entre 25 e 34 (72%), com mais escolaridade (72% têm ensino superior) e entre os que possuem renda familiar de mais de dois a 10 salários mínimos (70%).
As ocupações são de 84% trabalhadores assalariados, 82% assalariados sem registro e 79% empresários. Entre os que saem de casa normalmente, sem mudar a rotina, homens somam 11%, enquanto mulheres, 4%, nos que têm renda de mais de 10 salários mínimos (10%) e entre os que sempre confiam nas falas do presidente Jair Bolsonaro (14%).
Sensação de segurança
Em relação à sensação de segurança, a Datafolha apontou que apenas 4% dos entrevistados afirmaram se sentir seguros para irem em festas. 13% disseram se sentir pouco seguros e 82% nada seguros. A ida em igrejas também é mostrada, pelos entrevistados, como lugar com menor risco de contaminação. Segundo o levantamento, para 18%, há segurança, 42% se sentem pouco seguros e 39% nada seguros.
Já o trabalho é avaliado como muito seguro para 14%, pouco seguro para 53% e nada seguro para 31%. Escolas e faculdades são ambientes considerados muito seguros para 8%, pouco seguro para 43% e nada seguros para 47%. Questionados sobre a retomada das aulas, 46% disseram que as escolas devem permanecer fechadas até o final da pandemia, enquanto 28% apoiam a abertura parcial e 18% o fechamento apenas nas fases mais restritivas. Outros 7% afirmaram ser favoráveis à abertura e 1% não souberam opinar.