O governo da Nigéria afirmou neste domingo, 2, que aceita receber apoio militar dos Estados Unidos no combate a grupos extremistas islâmicos, desde que a soberania nacional seja respeitada. A declaração foi dada após o presidente norte-americano Donald Trump anunciar que pediu ao Departamento de Defesa um plano de ação “rápida” contra o país africano, diante da escalada de ataques a cristãos.

“Recebemos bem qualquer assistência dos Estados Unidos, desde que reconheça nossa integridade territorial”, afirmou Daniel Bwala, porta-voz da presidência nigeriana, em entrevista à agência Reuters. Segundo ele, o governo do presidente Bola Tinubu está aberto à cooperação internacional, “mas sem interferência em assuntos internos”.

Trump havia dito no sábado, 1º, que considera uma possível intervenção militar na Nigéria caso o governo local “não aja com firmeza” para conter os ataques. O republicano classificou os assassinatos de cristãos como “inaceitáveis” e defendeu uma resposta “imediata”.

O presidente Bola Tinubu rejeitou as críticas e defendeu o histórico de seu governo na proteção à liberdade religiosa. Ele negou que haja perseguição sistemática e destacou que a Nigéria, com mais de 200 milhões de habitantes, é um país diverso e equilibrado entre o norte, de maioria muçulmana, e o sul, predominantemente cristão.

A Nigéria enfrenta há mais de 15 anos uma insurgência jihadista, protagonizada por grupos como o Boko Haram e o Estado Islâmico da África Ocidental. Apesar de parte das vítimas ser cristã, analistas afirmam que a maioria dos mortos é muçulmana e que a violência se concentra nas regiões do nordeste do país.

O governo nigeriano reforçou que continuará atuando “com firmeza e independência” no combate ao terrorismo e reiterou que qualquer cooperação internacional deve “respeitar a soberania e as instituições” do país africano.

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