UFG retoma ano letivo de forma remota; campanha conseguiu equipamentos para alunos de baixa renda, diz reitor
31 agosto 2020 às 18h22
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De acordo com o reitor Edward Madureira, pacote de dados bancado pelo MEC também será oferecido para garantir acesso de todos às aulas
A Universidade Federal de Goiás (UFG) retomou o ano letivo nesta segunda-feira, 31, de maneira completamente remota, após suspender as aulas desde o mês de março por causa da pandemia de coronavírus. De acordo com o reitor Edward Madureira, a decisão foi tomada após muita discussão e planejamento que garantisse três elementos fundamentais: segurança, qualidade e isonomia no tratamento.
“Isonomia foi uma das partes mais complexas”, afirmou o reitor. “Temos uma quantidade de estudantes de baixa renda muito grande. Parte deles não tem acesso à internet de banda larga que permita o acompanhamento às atividades e outra parte não tem equipamentos. Outros não têm nenhum dos dois. Tivemos que ver alternativas para fornecer pacote de dados e equipamentos”, informou ao Jornal Opção.
“Fizemos uma grande campanha e podemos dizer que nenhum estudante que queira voltar às atividades de forma remota e que precise de uma dessas duas coisas ou das duas, não terá acesso. Tivemos apoio do MEC para disponibilização dos dados. O Ministério fornecerá os chips para acesso de até 40gb pelos estudantes e conseguimos equipamentos que serão doados ou emprestados”, explica.
Para acessar a ajuda da universidade, o aluno deve se enquadrar em renda per capita familiar menor que meio salário mínimo. Segundo Edward, um potencial de cinco mil estudantes.
Retomada
O reitor conta que quando as aulas foram suspensas, ainda no começo do semestre letivo, toda a universidade contava com um retorno mais rápido. “Ninguém esperava que a extensão dessa pandemia fosse tão duradoura ao ponto de, neste momento, ainda não termos condições de dizer quando será possível retornar presencialmente”, disse.
Ele explica que a UFG já tem se dedicado há um tempo no retorno das atividades. “Primeiro a pós-graduação, que retornou logo no começo [da pandemia] de forma remota. Também voltamos com atividades na graduação em disciplinas de núcleo livre, oferecidas entre junho e julho”, falou.
“O retorno remoto do primeiro semestre de 2020 demandou uma operação complexa. Primeiro, porque temos disciplinas de cursos que foram concebidos para serem presenciais. Transferir para um modelo de atividades remotas tem uma série de atividades que precisam ser organizadas, desde formação dos professores (já que boa parte não utilizam no dia a dia), preparação dos alunos, dos conteúdos, adequações nas normas internas.”
“Tudo isso exigiu uma organização, flexibilização de regras a respeito de trancamento e acréscimos de disciplinas. Foi feito um calendário especial para este período”, explica.
“Já tínhamos a plataforma Moodle, que utilizávamos nas aulas de EAD, o próprio Sigaa e a universidade também tem um acordo com a Google, que usamos o G Suíte, que tem o Google Mix que pode ser aproveitado. Cuidamos de uma infraestrutura para essas alternativas darem conta da demanda. Seguramente, a depender da duração desse período, vai implicar em investimentos para que a gente consiga ter estrutura funcionando para a universidade toda”, avalia.
Ele ainda fez questão de reconhecer que correções na implantação das aulas remotas deverão ser realizados conforme forem percebidos.
Presencial
Para Edward ainda não há previsão para um retorno presencial. Segundo o reitor, as atividades na própria universidade deverão voltar gradualmente.
“Será em uma modalidade híbrida, com menos alunos em sala de aula, protocolos muito bem definidos de como se dá esse retorno e, isso sim, vai ter implicações em custos de limpeza, adequações de espaços, intervenções físicas que vão ser necessárias para o retorno presencial ou híbrido que a gente estima um impacto nos recursos da universidade. O que é muito sério, já que temos previsão de orçamento com corte de 30% para o ano que vem”, lembrou.