Mutamba, figo e até clorofila: conheça as cervejas artesanais goianas com ingredientes inusitados
05 novembro 2025 às 09h58

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Cervejeiros têm criatividade de sobra e isso se torna ainda mais evidente quando ingredientes inusitados e até mesmo impensáveis são adicionados às receitas de cervejas. À priori sabe-se que essa bebida precisa, essencialmente de: água, malte, lúpulo e levedura. Em Goiás, no entanto, a ousadia inclui “pitadas” de sabores locais. Mutamba, castanha de baru e baunilha do cerrado são exemplos de uma construção própria de aromas da “nossa” cerveja artesanal.

A fundadora e CEO da Colombina, Patricia Mercês, concedeu entrevista ao Jornal Opção e explicou que cerveja já era um negócio da família. A marca “Colombina” surgiu em 2014 e foi fundada com o propósito de revolucionar o mercado goiano de cerveja. “Inovação, diversidade e orgulho da nossa terra traduzido em cerveja”, destaca.
Na visão da empreendedora, os goianos adoram novidade. Porém é um mercado que precisa gerar a experimentação para se tornar conhecida de forma sólida. “Nós nascemos com a inovação sendo um dos pilares, então desde sempre tivemos diversas cervejas com frutos e especiarias. A nossa Lager com infusão de café já ganhou como a melhor do Brasil – pela copa Nacional da Abracerva de Microcervejarias”, explica.
A linha “Coralina da Colombina” é a que tem mais opções diferentes, com frutas e especiarias como figo, mutamba, cacau, baunilha do cerrada e maturação em madeira. Movida pela paixão em unir gastronomia, cultura e identidade goiana, Patricia faz da Colombina uma expressão de origem, inovação e orgulho regional.

Cervejaria Casarão
A cervejaria “Casarão” com sede em Pirenópolis é outro exemplo de inovação e diversificação de sabores. Foi fundada em 2019 pelo empresário goiano Ricardo de Albuquerque Pinheiro, com a missão de criar e garantir uma cerveja artesanal com características únicas, harmonizando ingredientes surpreendentes.
“O chamado para o universo das cervejas artesanais surgiu de uma curiosidade que virou paixão: entender o processo artesanal e criar algo autêntico, que representasse o espírito acolhedor e tradicional de Pirenópolis”, conta ao Jornal Opção, Ricardo Pinheiro.

A cervejaria Casarão possui mais de 12 tipos de cervejas e chopes artesanais. O mestre cervejeiro possui formação na Alemanha e mais de 40 anos de experiência em produção de cervejas. Dentre as “diferentonas” tem a Weiss com notas de banana e cravo, com toque frutado. A Berliner Weiss com maracujá, equilíbrio entre a leve acidez e o toque da fruta. A Dia de Los Muertos, uma IPA com pimenta, proporciona uma experiência picante. A German Pils com clorofila, de cor verde vibrante, que celebra o Dia de São Patrício e é símbolo da ousadia da marca.

No início, os goianos ainda eram fiéis às cervejas tradicionais, mas que esse cenário vem mudando ao longo do tempo. “O público está mais aberto a experimentar novos estilos e aromas, e isso tem impulsionado o crescimento das cervejas artesanais. Cada estilo que lançamos desperta curiosidade e orgulho em consumir algo feito aqui”, comenta.
ACervA Goiana
Segundo levantamento da Associação dos Cervejeiros Artesanais de Goiás (ACervA), a produção de cervejas artesanais não para de crescer. As cidades de Goiânia e Aparecida de Goiânia detêm o maior número de marcas: “Colombina”, “Oktos”, “Klaro”, “Old Monkey”, “Dos Animaus”, “Cavalo Louco”, “Natos”, “Dias”, “Bucaresth”, “Gênio do Malte”, “Cevatta”, “Épica”, “Athy” e “Lola”. “Go Brew” é produzida em Anápolis; “Templária”, em Catalão; “3 Domingos”, na cidade de Anicuns; “Biela Bier” em Luziânia e mais três marcas existem no município de Pirenópolis, que são “Casarão”, “Stone House” e “Santa Dica”.

ACervA Goiana tem cerca de 100 associados, o presidente Kanji Iwamoto Júnior disse ao Jornal Opção que começou a produzir cervejas em 2014 e a inspiração foi o concurso do Eisenbahn Mestre Cervejeiro. “Mas em 2019, inclusive com todo o conhecimento adquirido com os colegas da ACervA Goiana, fui um dos 10 finalistas do Eisenbahn Mestre Cervejeiro 2019”, destaca.
De acordo com Kanji, aACervA Goiana é uma associação sem fins lucrativos, que visa a troca de informações, palestras, cursos e, principalmente, eventos para podermos tomar cervejas caseiras, feitas no quintal ou no apartamento. “Muitos cervejeiros profissionais começaram em reuniões da ACervA. Se empolgaram com a ideia de produzir a própria cerveja, e levaram o hobby para o próximo nível”, explica.

A “Cervejaria Lola”, do Henrique Augusto e “Old Monkey Cervejaria”, do Walfredo Pereira são alguns dos exemplos de que o negócio começou dentro da Associação dos Cervejeiros Artesanais de Goiás. “Gostamos de explorar estilos diferentes. São mais de 150, sem contar as variações que podemos criar, com adição de frutas e especiarias, bem como utilizar barris de madeira para obter características especiais”, enfatiza.
Leia também: Quais são as diferenças entre a cerveja artesanal para a tradicional?
