Paciente alega problemas com procedimentos estéticos de médico suspeito de ser responsável por morte de empresária

13 maio 2024 às 17h31

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A morte da proprietária de um hotel de luxo, em Goianésia, virou alvo de investigação da Polícia Civil (PC), que apura as circunstâncias do óbito de Fábia Portilho, de 52 anos. A empresária morreu na última terça-feira, 7, quatro dias depois de passar por procedimentos de mamoplastia e lipoaspiração no Hospital Unique, em Goiânia, sob os cuidados de Nelson Fernandes.
Agora, Lílian Cristine Carlos Ribeiro Santos, outra paciente, denuncia que procurou Nelson em julho de 2021 para uma cirurgia de mastopexia, abdominoplastia e lipoaspiração. Após dois dias, ela voltou para o hospital por estar com infecção e anemia. Ela disse que ficou internada durante cinco dias.
“Durante esses cinco dias, o tratamento do hospital foi muito ruim, a limpeza do quarto era péssima. Eu reclamei dos acessos das minhas veias, porque não estava mais tendo condição de ter acesso, já tinha feito duas transfusões de sangue e estava tomando um protocolo de antibióticos há muitos dias, e o plantonista do hospital Unique disse que eu era mole”, alegou.
No outro dia, a vítima conta que uma outra médica resolveu conversar com o doutor Nelson por telefone e retornaram com as medicações para mim. Foi cerca de um mês e meio de antibióticos e medicamentos.
“Depois eu vi que a ferida estava se formando na minha barriga era de queimadura, onde ele aplicou uma técnica lá que chama Renuvion. Pode gerar queimadura, porque é um objeto quente que passa no nosso corpo para poder gerar a contração da pele, para ficar mais grudado no músculo. E eu acho que houve queimadura no meu corpo, levantou uma bolha muito grande e eu tive que fazer raspagens. A ferida só chegou a fechar depois de três meses e meio, porque eu mesma fui atrás de dermatologista”, continuou.
A mulher afirmou que levou essas informações para Nelson. Ela conta ainda que voltou a trabalhar antes mesmo da ferida fechar porque as férias do trabalho e o atestado já haviam passado.
“Foi muito difícil para mim, até hoje, porque eu tenho uma cicatriz horrível no corpo, meu peito um ficou maior que o outro, as cicatrizes dos seios são horríveis, a cicatriz de onde teve a queimadura e onde foi o corte da abdominoplastia é larga e escura. No acompanhamento, ele queria fazer outra cirurgia em mim e eu não confiei porque eu peguei infecção hospitalar, o resultado ficou péssimo. Eu me sinto hoje mutilada, deformada, a verdade é essa”, lamenta.
O Jornal Opção tentou contato com o médico Nelson Fernandes, que alegou que “sempre manteve um compromisso inabalável com o respeito e a integridade em relação aos mais de 13 mil pacientes que confiaram em seu trabalho”. [Veja a nota na íntegra ao final do texto]
Sobre a paciente que me acusa na presente matéria, informo que já foi provado na justiça que não cometi nenhuma falha durante ou após a condução do procedimento, conforme atesta laudo pericial de quase 100 páginas produzido por perito escolhido pelo TJGO.
Reitero meu compromisso com a excelência médica e com o bem-estar dos meus pacientes. Estou à disposição para quaisquer esclarecimentos adicionais, confiante na justiça e na transparência que sempre pautaram minha prática profissional.
A reportagem também entrou em contato com o Hospital Unique e aguarda retorno. O espaço segue aberto para manifestação.
Morte de Fábia
A proprietária de um hotel de luxo em Goianésia teria desembolsado cerca de R$ 80 mil para realizar as cirurgias plásticas no Hospital Unique, conforme informou o cunhado da vítima, Alessandro Almeida Jorge. Ela se submeteu aos procedimentos na sexta-feira, 3.
Alessandro reforçou que a cunhada chegou na unidade de saúde ainda pela manhã e solicitou uma tomografia para saber o motivo das dores. À tarde, ainda sem realizar o exame, ela teria enviado as mensagens ao médico. Fábia deixou o Hospital Unique por volta das 21h – passadas mais de 10 horas desde o check-in.
Antes de ser transferida para o Albert Einstein, também em Goiânia, Fábia foi avaliada por um outro profissional da unidade. Segundo Alessandro, o médico teria entendido que o quadro da empresária não era grave e que ela “estaria exagerando”.
A empresária não resistiu à mudança e morreu ainda nos primeiros socorros após um choque misto (séptico, hemorrágico e obstrutivo), conforme registrado pela Polícia Civil (PC). A corporação solicitou um exame cadavérico para apurar se houve negligência por parte do hospital e do médico.
Nota de Nelson Fernandes
“Após quase três décadas de dedicação à cirurgia plástica, é com profunda serenidade e responsabilidade o esclarecimento dos pontos abordados na reportagem.
Ao longo de toda a trajetória profissional, Nelson Fernandes sempre manteve um compromisso inabalável com o respeito e a integridade em relação aos mais de 13 mil pacientes que confiaram em seu trabalho.
Sobre a paciente que acusa na presente matéria, informo que já foi provado na justiça que não ocorreu nenhuma falha durante ou após a condução do procedimento, conforme atesta laudo pericial de quase 100 páginas produzido por perito escolhido pelo TJGO.
Reitero meu compromisso com a excelência médica e com o bem-estar dos pacientes. Nelson segue à disposição para quaisquer esclarecimentos adicionais, confiante na justiça e na transparência que sempre pautaram a prática profissional.”
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