Mulheres ainda sofrem desigualdade e discriminação no mercado de trabalho, indica IBGE
23 fevereiro 2019 às 14h54
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Mulheres com ensino superior completo ou mais recebem cerca de 63% do que os homens na mesma situação recebem
A realidade ainda é bastante desfavorável para as mulheres no mercado de trabalho. Segundo o IBGE, elas ocupam menos vagas do que os homens, se concentram em setores específicos, recebem menos até quando exercem a mesma função e são expostas a violências, como as morais e sexuais. E quanto maior a escolaridade, maior a desigualdade. Mulheres com ensino superior completo ou mais recebem cerca de 63% do que os homens na mesma situação recebem.
As desigualdades na hora de tratar e de enxergar a mulher dentro do mercado de trabalho não é diferente no ambiente político. A bancada feminina tem aumentado, no entanto, ainda são 77 deputadas em meio a um colegiado de mais de 500 homens. Em Goiás, nas últimas eleições foram eleitas apenas duas deputadas estaduais e duas deputadas federais.
Segundo o estudo Estatísticas de gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil, divulgado pelo IBGE em 2018, “na maioria das sociedades, há diferenças e desigualdades entre mulheres e homens nas funções e responsabilidades atribuídas, atividades desenvolvidas, acesso e controle sobre os recursos, bem como oportunidades de tomada de decisão. Estas diferenças e as desigualdades entre os sexos são moldadas ao longo da história das relações sociais, mudando ao longo do tempo e em diferentes culturas”.
No Brasil, em 2016, as mulheres dedicaram aos cuidados de pessoas e/ou afazeres domésticos cerca de 73% a mais de horas do que os homens (18,1 horas contra 10,5 horas). Ao desagregar por região, verifica-se que a maior desigualdade na distribuição de horas dedicadas a estas atividades está na Região Nordeste, onde as mulheres dedicam cerca de 80% a mais de horas do que os homens, alcançando 19 horas semanais.
O recorte por cor ou raça indica que as mulheres pretas ou pardas são as que mais se dedicam aos cuidados de pessoas e/ou aos afazeres domésticos, com o registro de 18,6 horas semanais em 2016. Observa-se que o indicador pouco varia para os homens quando se considera a cor ou raça ou região de residência.
A situação feminina pode ficar mais clara quando se analisa alguns dados de 2017 do IBGE que mostram que as mulheres passam mais tempo do que os homens quando se soma as horas de trabalho dentro e de fora de casa. As mulheres empregadas trabalham em média 54,5 horas por semana, sendo 36,5h no emprego e 18h em casa. Enquanto isso, os homens empregados trabalham, em média, 51,6 horas por semana, sendo 41,1h no emprego e 10,5h em casa.
A professora do Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília (UnB) Tânia Mara Campos de Almeida afirma que a discriminação influencia desde a quantidade de vagas até quais vagas serão ofertadas para as mulheres, fazendo com que os homens sejam eleitos com mais facilidade para posições em coordenadorias e chefias.
“As mulheres têm que trabalhar dentro e fora de casa e ainda precisam se qualificar. Isso é muito oneroso, exigente, que impacta também na disponibilidade delas em viajar, fazer hora extra, por conta dos filhos, ou seja, ficam em posições secundárias, menos prestigiadas e reconhecidas financeiramente”, aponta a especialista. (Com informações da Agência do Rádio)