Elizabeth Gomes da Silva passou a sofrer de depressão profunda após o desaparecimento do companheiro, que está prestes a completar um ano sem que ao menos o corpo seja encontrado

mulher amarildo
A Justiça concedeu atendimento psicológico à viúva, mas ela não conseguiu dar continuidade ao tratamento

Tida como desaparecida há dez dias, a viúva do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, a diarista Elizabeth Gomes da Silva, de 48 anos, foi encontrada ainda na quinta-feira (10/7) em Cabo Frio, região dos Lagos, no Rio de Janeiro. Teve grande repercussão nacional ontem a notícia de que ela não era vista por familiares desde o dia 30 de junho. Mesmo assim, a formalização do desaparecimento dela só ocorreu na quinta-feira, quando seus filhos foram ao 11º DP da Rocinha. A partir de matérias jornalísticas o delegado titular do DP, Gabriel Ferrando, deu início às buscas no início do dia, antes do registro.

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Temendo que Elizabeth tivesse o mesmo destino de Amarildo –– desparecido há quase um ano após operação da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) para combater o tráfico de drogas na Rocinha ––, os seis filhos do casal, que têm entre 7 e 22 anos, estavam desesperados. No dia em que foi vista pela última vez por eles, ela estava alcoolizada, vagando pelas ruas da favela. O paradeiro do companheiro levou Elizabeth a sofrer de depressão profunda e a se tornar alcoólatra.

A Justiça concedeu atendimento psicológico à viúva, mas ela não conseguiu dar continuidade ao tratamento. Após seu desaparecimento, chegaram a ser feitas buscas em hospitais e necrotérios, sendo que de seus filhos suspeitava de que a mãe havia voltado a consumir drogas e a abusar do álcool.

Caso Amarildo

Amarildo desapareceu aos 42 anos, no dia 14 de julho de 2013, quando o Brasil vivia uma onda de protestos. A operação Paz Armada, realizada por policiais militares e agentes da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) para combater o tráfico de drogas, culminou no sumiço dele.

O auxiliar de construção foi levado para averiguação na unidade. Enquanto agentes da UPP afirmavam que Amarildo havia sido liberado, familiares diziam que o parente teria sido morto por PMs e o corpo, ocultado.

Pouco menos de um mês depois do caso, foi divulgado um vídeo que mostra o momento que Amarildo foi levado a uma UPP por uma patrulha da PM. Lá, foi o último local em que ele foi visto.

O procedimento derradeiro em relação ao julgamento do caso foi feito no início de abril, quando a Justiça do Rio de Janeiro realizou audiência de instrução e julgamento do processo. Foram ouvidas as últimas testemunhas de defesa dos 29 policiais militares acusados de envolvimento no crime.

No início deste mês, a PM encerrou o Inquérito Policial Militar (IPM) sobre o desaparecimento. O documento relata que os policiais cometeram crimes no âmbito da Justiça comum, e não da Militar, entre eles o major Edson dos Santos, ex-comandante da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha, e o segundo-tenente Luiz Felipe de Medeiros, ex-subcomandante da unidade.

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