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O casal contratou uma advogada, mas aí o quadro mudou completamente. O homem e a mulher desistiram do processo. Entenda por quê

O leitor já leu Franz Kafka, autor da novela “A Metamorfose”? O leitor já leu Samuel Beckett, o criador de “Esperando Godot”? O leitor leu Ionesco, que escreveu “O Rinocerone”? Pois misture tudo com Carlo Collodi e, aí, poderá entender, ou não, a história que se contará a seguir. A fonte é o jornal “O Dia”, que publicou uma reportagem “nublada”: “Mulher diz ter engravidado sozinha em banheira de hidromassagem de hotel de luxo no Rio de Janeiro e marido tenta processar o estabelecimento”.

A história começou a assim, ao modo de um conto de Tchekhov ou de Guy de Maupassant. Uma mulher, bela e casada, hospedou-se num hotel cinco estrelas na Cidade Maravilhosa. Quando o marido voltou de uma viagem de seis meses (a trabalho) a descoberta: sua mulher está grávida. Pressionada, contou para o marido que ficou muito tempo na banheira de hidromassagem do hotel e, como ela não havia sido limpa corretamente, acabou ficando grávida. “Havia” esperma na banheira.

A advogada Lu Lage, de Belo Horizonte, revelou a história nas redes sociais por intermédio de um vídeo. O casal procurou apoio de um escritório de advocacia para processar o hotel. A história acabou viralizando e chegou aos jornais. “Fui procurada pelo marido que me solicitou consultoria jurídica para lidar com o caso e revoltado com a situação queria que eu ajuizasse uma ação para processar um hotel de luxo no Rio de Janeiro, alegando ele que ao retornar para casa após uma longa viagem a negócios na Europa, se deparou com a esposa grávida. Bravo, chegou a tirar satisfação e disse que a mulher jurou que a única coisa que fez foi viajar até o Rio para passear, tendo se hospedado no tal hotel cinco estrelas e usou inúmeras vezes a banheira de hidromassagem e que essa era única explicação”, contou Lu Lage.

Uma história e tanto, menos para jornais e muito mais para um escritor do porte de Henry James ou para um diretor de cinema como George Cukor.

Lu Lage relata que o marido queria receber “uma indenização do hotel cobrando valores por danos psicológicos causados à esposa em reparação ao que aconteceu nas dependências do estabelecimento, e que o hotel” arcasse “com todos os custos da criança”, como “punição pela irresponsabilidade em não esterilizar a banheira de hidromassagem de maneira adequada”.

Porém, ao ouvir a esposa, Lu Lage apurou outra história, mais realista. Ela contou que, ao pegar seu carro, foi agarrada por um homem e estuprada. Porém, como o marido é ciumento e explosivo, decidiu contar a história da banheira “suja”.

A mulher contou à advogada que, “por vergonha”, não teve coragem denunciar o caso de estupro à política. Ela, segundo a advogada, “deseja tirar o filho, porque o rapaz que a estuprou é negro, ela é loira e o marido é branco também”.

Ao ouvir que a mulher foi estuprada, o marido chorou muito. Ele disse à advogada que entende o fato de a mulher ter inventado a história da banheira, pois quis “poupá-lo”. A advogada explicou ao casal sobre os trâmites para “conseguir uma autorização para um aborto”. O marido frisou que, “por ele”, ficará com a criança. Mas sua mulher não quer.