MPGO denuncia 57 por integrar facção ligada ao PCC e esquema que movimentou mais de R$ 14 milhões em Goiás
15 dezembro 2025 às 17h33

COMPARTILHAR
O Ministério Público de Goiás (MPGO) denunciou 57 pessoas por integrarem a facção criminosa Amigos do Estado (ADE), organização goiana vinculada ao Primeiro Comando da Capital (PCC). A denúncia foi apresentada pelo promotor de Justiça Juan Borges de Abreu, da 99ª Promotoria de Justiça de Goiânia, a partir das investigações da Operação Corrosão.
Os denunciados respondem por organização criminosa armada, tráfico de drogas, associação para o tráfico, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, uso de documento falso e obstrução de investigação.
Segundo o MPGO, os principais líderes identificados são Pedro Henrique Pascoal dos Santos, conhecido como “Maresia”, Nilsomar Danilo Gomes, o “Tenebroso”, e John Kley Pascoal de Souza, chamado de “Bozo” ou “Nego Bozo”.
De acordo com a denúncia, “Maresia” era responsável por coordenar a distribuição de drogas em Goiás, definir funções dentro da facção e estruturar o esquema de lavagem de dinheiro por meio de empresas de fachada. Já “Tenebroso” atuava a partir do sistema prisional, mantendo negociações de entorpecentes e articulando a distribuição para outros integrantes.
As investigações apontam que o núcleo financeiro da organização movimentou mais de R$ 14 milhões entre julho de 2023 e maio de 2024, em mais de 3 mil transações bancárias. Para ocultar a origem ilícita dos recursos, os acusados utilizaram empresas de fachada.
Entre elas, o MPGO destaca a Souza Serviços Administrativos Ltda., com nome fantasia “Dr. Exame Araguaína”, que teria movimentado mais de R$ 25 milhões em apenas dois meses. Conforme a denúncia, Carlos Alberto Francisco de Souza e César Pablo da Mota teriam forjado documentos para assumir formalmente a empresa e utilizá-la na lavagem de dinheiro do tráfico. Outras empresas também teriam sido usadas no esquema, como a R. da S Pinto Ltda. e a Evolution Informática.
Apreensões e flagrantes
O MPGO relata diversas apreensões de drogas durante a investigação. Em um dos flagrantes, foram encontrados mais de 14 quilos de pasta base de cocaína e mais de 20 quilos de maconha, além de dinheiro em espécie.
Maxsuel Alves da Silva, ligado à cúpula da facção, foi flagrado mantendo os entorpecentes sob a guarda de sua companheira, Isy Monique Ramos Pinheiro. As drogas estavam identificadas com o selo do Leão, símbolo utilizado pela organização criminosa.
Outro acusado, Anderson Anselmo Vieira, conhecido como “Sorriso”, foi encontrado com R$ 234 mil em espécie. O valor foi reconhecido por “Maresia” como “dinheiro da firma”, oriundo das atividades ilícitas.
Operadora presa no exterior
A principal operadora financeira do grupo, Francielly Coelho de Paiva, estava foragida na Europa e foi presa pela Interpol em Portugal. Ela foi deportada para o Brasil em cumprimento a dois mandados de prisão preventiva expedidos nas operações Corrosão e Portokali.
O MPGO pediu a manutenção das prisões preventivas dos acusados já detidos e a decretação de novas prisões para Robert Alves dos Santos, David da Silva Rodrigues, Elias Souza Moreira e Romário da Silva Pinto, por entender que a medida é necessária para garantir a ordem pública e interromper as atividades da facção.
O órgão também solicitou o sequestro e a alienação antecipada de veículos apreendidos, além da fixação de valor mínimo de R$ 100 milhões para reparação de danos morais coletivos.
A denúncia foi encaminhada à Segunda Vara dos Feitos Relativos a Delitos Praticados por Organização Criminosa e Lavagem ou Ocultação de Bens, Direitos e Valores da Comarca de Goiânia, com base em provas da Operação Corrosão, da Operação Ferrolho e da Operação Portokali.
Leia também
