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Condutor socorrista contou ao Jornal Opção detalhes de seu depoimento ao Ministério Público durante investigações da operação SOS Samu

*Atualizada às 22 horas

F. tem 41 anos e há 7 trabalha como condutor socorrista do Samu. Em fevereiro deste ano, foi intimado a depor no Ministério Público de Goiás para prestar esclarecimentos sobre a existência de um esquema de propina com participação da corporação.

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Aos promotores de Justiça, ele informou que já tinha ouvido falar sobre o conluio, mas nunca havia recebido qualquer vantagem indevida para encaminhar de forma irregular pacientes com planos de saúde a determinadas Unidades de Terapia Intensiva da capital.

Disse também que tinha conhecimento que as propinas, que conforme soube variavam de 400 a mil reais, eram pagas por pessoas ligadas às UTIs a uma “terceira pessoa”, que, por sua vez, as repassavam aos servidores do Samu.

Também confirmou que já teria ouvido relatos que davam conta que técnicos de enfermagem da corporação chegaram a rebaixar o nível de consciência de um paciente para que o mesmo fosse encaminhado à UTI. O profissional ressalvou, no entanto, que não poderia acreditar que a prática de fato ocorresse e fez questão de frisar que jamais demonstrou ser conivente perante as suspeitas.

Os detalhes do depoimento de F. foram passados à reportagem pelo próprio motorista, que contou, em entrevista ao Jornal Opção, nesta terça-feira (22/6), que a corporação vivencia um clima de decepção, desde que a operação “SOS Samu” foi deflagrada pelo MPGO.

“Eu conheço todos as pessoas que foram presas. A gente ouvia falar, e era tudo escondido. Ficamos muito surpresos. Têm pessoas boas que se envolveram nisso por bobeira”, alegou o profissional.

F. também disse à reportagem que a prática é comum em diversas UTIs da capital, e a existência de propinas para direcionar pacientes não é exclusividade do Samu. “Isso não é de hoje e não é só o Samu. Os Bombeiros também fazem. Todo mundo faz. É um câncer movido por dinheiro que torço para acabar”, disse.

O condutor também lamentou a divulgação de informações possivelmente equivocadas pela imprensa, desmentindo que o esquema ilícito poderia ter tirado vagas de UTI de pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). “Isso não existe. Essas vagas são reguladas pela prefeitura e não tem como o Samu levar direto e retirar vagas de pacientes do SUS colocando os pacientes conveniados. A quantidade de cada já é definida”, explicou.

Por fim, o condutor socorrista afirma que vem sendo hostilizado nas ruas e que toda a categoria está pagando o preço pelas irregularidades investigadas. “Está todo mundo pagando. A população e a imprensa estão ficando contra a gente. Infelizmente, ocorreram essas coisas e cabe ao Ministério Público investigar”, finaliza.