Juliana Barreto diz que “a regra são os milhões de mortos pela doença no mundo” e que sem a vacina não haverá solução

Profissional da saúde mostra a idosa imunizante contra a Covid-19 | Foto: Tânia Rêgo / Agência Brasil

Casos de contaminação pela Covid-19 em abrigos de idosos com população completamente imunizada tem se tornado comuns na última semana. Além da cidade de Anápolis, que nesta sexta-feira, 28, registrou a terceira morte por coronavírus em um desses abrigos, 11 pessoas em um asilo em Goiânia também testaram positivo para a doença. 

Em Anápolis, onde a situação se mostrou mais grave, foram registrados 65 casos de contaminação (entre os 77 moradores) e 12 de internação (sendo quatro em UTIs e oito em enfermaria) em decorrência da Covid-19. Dos 27 funcionários do local, oito também testaram positivo. A Secretaria Municipal de Saúde da cidade afirmou que está acompanhando a situação e que coletou amostras dos pacientes, com objetivo de identificar a variante presente no abrigo.

De acordo com a instituição, os funcionários contaminados se mantêm isolados em casa e os idosos que testaram negativo para o coronavírus seguem no abrigo, mas separados dos demais.

Já na capital goiana, onde a situação se mostrou mais branda, quase todos os contaminados do abrigo foram assintomáticos. Apenas uma idosa apresentou coriza e um trabalhador teve dores de cabeça. Com a coleta do sangue realizada neste fim de semana pela equipe que acompanha o caso, para identificar a presença de anticorpos, também será feito estudo de sequenciamento genético que apontará qual foi a cepa que infectou o grupo.

As Secretarias Municipais de Saúde (SMS) de ambos os municípios atribuem à vacina o não agravamento da situação como um todo. No abrigo de Goiânia, o imunizante aplicado aos idosos foi o Coronavac, desenvolvido pelo Instituto Butantan. “Isso mostra que a vacina teve uma eficácia acima de 50%, pois menos da metade teve a Covid-19 e praticamente sem sintomas”, diz a diretora de Vigilância Epidemiológica de Goiânia, Grécia Pessoni.

Eficiência das vacinas
A médica infectologista Juliana Barreto ressalta a importância de se imunizar, ainda que nenhuma vacina proteja integralmente contra a contaminação. “Cada uma tem sua porcentagem. Contra a infecção, a Coronavac protege 50,38%, a AstraZeneca 68% e a Pfizer 95%. Já quanto a evolução dos casos para internação, também existem diferenças: a Coronavac gira em torno de 75%; AstraZeneca, 80%; e a Pfizer continua em 95%. Para óbito, todas estão acima de 95%, por isso o desfecho de óbito foi muito baixo”, explica a médica.

Juliana Barreto, infectologista: “Morte após ser imunizado é exceção; a regra são os milhões de óbitos sem a vacina” | Foto: Reprodução

Juliana ainda esclarece que um fator de risco próprio dos asilos é a aglomeração de pessoas vulneráveis. “A maioria delas tem comorbidades, o que já faz com que o processo ocorra com maior gravidade quando a pessoa é contaminada com o vírus. Entretanto, é importante que todo mundo se vacine para que a gente comece a diminuir as transmissões, os casos e, também, os agravamentos, hospitalizações e, consequentemente, os óbitos”, ressalta.

Ela ainda complementa que pessoas antivacinas acabam aproveitando situações como essa para desacreditar os imunizantes, o que não pode ocorrer de forma alguma. “Se nós não vacinarmos, nunca vamos ter a solução do caso. Óbitos após tomar as duas doses da vacina são a exceção. Todas as vacinas, para óbito, protegem acima de 95%. Foi uma fatalidade” ressalta.

“Temos que pensar nas milhares de pessoas que morreram pelo mundo e no próprio Brasil devido a doença. Isso, sim, é a regra, infelizmente. Quanto mais aumentar a vacinação, menos óbitos vão ocorrer. É o que chamamos de imunidade de rebanho”, complementa, ao enfatizar que só a partir da imunização em massa será possível transformar a pandemia da Covid-19 em uma endemia, que é o que ocorre com a Influenza.