Ele deu 100 voltas em seu quintal e conseguiu a doação de 224 milhões de reais para o setor de saúde da Inglaterra

Juscelino Goulart de Oliveira

Especial para o Jornal Opção

Sir Tom Moore deu 100 voltas (uma para cada ano de vida) em seu quintal para ajudar o sistema de saúde da Inglaterra | Foto: Reprodução

Há grandes homens na história. Como não falar de Abraham Lincoln? Além de unir o Sul e o Norte, Abe aboliu a escravidão. Como não falar de Winston Churchill, que, com a Europa praticamente deitada aos pés de Adolf Hitler, levantou a Inglaterra, empolgando o mundo e se tornando decisivo para a derrota do nazismo da Alemanha? Como não falar de Franklin Delano Roosevelt, que, de sua cadeira de rodas — onde o colocou a poliomielite —, contribui para vencer o totalitarismo na Europa? Como não falar de um Juscelino Kubitschek, que, para além de construir Brasília, numa aposta para descentralizar o desenvolvimento do país, é um exemplo de democrata absoluto? Jamais falaria em fechar o Supremo Tribunal Federal, por exemplo.

Rainha Elizabeth II condecorou Tom Moore como cavalheiro | Foto: Reprodução

Pois há também os homens que não são grandes na história e que talvez não sejam lembrados daqui a cinquenta anos. Mas, ainda assim, são grandes. Gigantes. É o caso do britânico Sir Tom Moore, que morreu na terça-feira, 2, aos 100 anos, depois de ser acometido por uma pneumonia.

Aos 100 anos, o indivíduo tem o direito de descansar, de ficar anódino na multidão. Por certo, já fez muito na vida, e Sir Tom Moore até combateu o nazismo na Segunda Guerra Mundial. Pois este indivíduo de coração valente achava que não. Por isso, no lugar de ficar quieto em sua casa, decidiu dar 100 voltas (uma para cada ano de vida) em seu quintal como um desafio para obter recursos para o sistema de saúde da Inglaterra. Ele deu as voltas, amparado unicamente por seu andador, e não reclamou nenhuma vez.

Sir Tom Moore: o adeus de um herói | Foto: Reprodução

O objetivo era conseguir dinheiro para tratar das pessoas que se contaminassem com o novo coronavírus. Sir Tom Moore pretendia arrecadar mil libras. O público doou 30 milhões de libras (224 milhões de reais). Comovida com o ato humanitário, a rainha Elizabeth II condecorou-o como cavalheiro.

Ao saber de sua morte, o Palácio de Buckingham emitiu uma nota: “Seus pensamentos [da rainha Elizabeth] — e os da família real — estão com eles, reconhecendo a inspiração que ele forneceu para toda a nação e outras pessoas em todo o mundo”. O ministro da Saúde da Inglaterra, Matt Hancock, disse: “Ele foi um grande herói britânico, que mostrou o melhor do nosso país, e eu envio meus melhores votos para sua família neste momento”, escreveu o ministro da Saúde do país, Matt Hancock.

Resta dizer: Sir Tom Moore é um herói. Um desses pequenos-grandes heróis.