Morre, no Rio, Sergio Paulo Rouanet, autor da lei que beneficia a cultura no Brasil
03 julho 2022 às 16h07
COMPARTILHAR
Ex-ministro morreu neste domingo, 3, em decorrência de problemas causados pela síndrome de Parkinson
O ex-ministro da Cultura Sergio Paulo Rouanet morreu neste domingo, no Rio de Janeiro, aos 88 anos. Ele foi o autor da Lei de Incentivo à Cultura e, juntamente com sua mulher, a filósofa de origem alemã Barbara Freitag, fundou o Instituto Rouanet.
A morte foi comunicada pelo instituto, em nota: “É com muito pesar e muita tristeza que informamos o falecimento do embaixador e intelectual Sergio Paulo Rouanet, na manhã do dia 3 de julho. Rouanet batalhava contra o Parkinson’s, mas se dedicou até o fim da vida à defesa da cultura, da liberdade de expressão, da razão, e dos direitos humanos. O instituto carregará e ampliará seu grande legado para futuras gerações”.
Por meio de nota, a Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs) solidariza com a família e amigos pela morte do diplomata. “É com muito pesar que a Anpocs comunica o falecimento do filósofo e diplomata Sergio Paulo Rouanet, que deixa importante legado intelectual também para as ciências sociais; além de um legado público, incluído o para o campo das políticas culturais. Nos solidarizamos com a família e amigos, especialmente com a viúva, nossa colega, a socióloga Bárbara Freitag”, lamenta o comunicado.
A Lei Rouanet, como ficou conhecida, foi criada durante o governo do ex-presidente Fernando Collor (PTB) em 1991. Ela permite que pessoas físicas e jurídicas destinem parte dos recursos que iriam para o pagamento do Imposto de Renda ao financiamento de obras artísticas.
Iluminista
Sergio Rouanet ocupava, há cerca de 30 anos, a Cadeira 13 da Academia Brasileira de Letras (ABL). Na avaliação do ex-presidente da ABL, o professor e poeta Marco Lucchesi, Rouanet foi um dos grandes pensadores do Brasil. “Era um homem de fato de múltiplos talentos. Um grande filósofo, um grande ensaísta, atento às questões da cultura, da política, da poética, atento ao diálogo entre os povos. Podia voar tranquilamente de Kant a Zeca Pagodinho, por exemplo, de cujas músicas gostava”, disse Lucchesi à Agência Brasil.
Segundo Lucchesi, o imortal Sergio Rouanet tinha sensibilidade musical importante, que ficava um pouco esquecida, dentro de obra tão vasta e variada como a dele. “Gostava da ópera de Mozart, de música popular brasileira (MPB). Uma figura, sob qualquer aspecto, admirável, não só sob o ponto de vista intelectual, stricto sensu (em sentido limitado), mas da grande humanidade. Realmente, uma adesão profunda à razão, à humanidade, ele que vinha de estudos iluministas muito importantes, que contribuíram para ampliar o alcance da filosofia no Brasil.
*Com informações da Agência Brasil