“Gostaria de lamentar esse evento em meio a essa pandemia, mas não foi minha opção”, afirmou ministro, símbolo da Lava Jato

Jair Bolsonaro e Sergio Moro não estão falando mais a mesma linguagem: o realismo do primeiro choca-se com o rigor do segundo | Foto: Adriano Machado/Reuters

Sérgio Moro anunciou nesta sexta-feira, 24, sua demissão do cargo de ministro da Justiça no governo de Jair Bolsonaro (sem partido). Em pronunciamento a jornalistas, Moro afirmou que a imposição de nome para comandar a Polícia Federal foi gota d’água.

A demissão de Maurício Valeixo do cargo de diretor-geral foi publicada a pedido nesta manhã, no Diário Oficial da União. “Eu não indico superintendentes da PF. A única pessoa que indiquei foi o Valeixo”, comentou. A postura de Bolsonaro na condução da crise em decorrência da pandemia do novo coronavírus também teria pesado na decisão de Moro.

O até então homem de confiança do presidente, fez críticas à postura de Jair Bolsonaro em relação à Polícia Federal: “Fui juiz, tive diversos casos relevantes como a operação Lava Jato que mudou o patamar de combate à corrupção no país. Muito precisa ser feito, mas o cenário foi modificado”, destacou Moro.

Em seu discurso, Moro destacou a importância da autonomia da Polícia Federal e lembrou que essa prerrogativa foi respeitada nos governos anteriores. Ele também afirmou que, ao assumir o Ministério da Justiça,  recebeu carta branca para nomear todos os assessores inclusive desses órgãos como a PF e PRF.

“Minha única condição foi que se algo me acontecesse que minha família não ficasse desamparada sem pensão. Essa foi minha única condição para aceitar o cargo”, disse Sérgio Moro, ao negar que tenha barganhado outras posições no governo.