O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, negou ao coronel Jorge Eduardo Naime, ex-comandante de operações da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), a permissão para ser padrinho de um casamento em Alto Paraíso de Goiás.

Naime, réu em inquérito sobre os atos antidemocráticos de 8 de janeiro, está em liberdade provisória com medidas restritivas, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica e a proibição de sair do Distrito Federal. Moraes considerou que a autorização para a viagem tornaria ineficazes as medidas cautelares.

Em contraste, Moraes permitiu que o major Flávio Silvestre de Alencar, também réu e em liberdade provisória, comparecesse a uma festa junina em Brasília por duas horas. A cúpula da PMDF envolvida nos eventos de 8 de janeiro responde em liberdade provisória, com o processo ainda na fase de coleta de provas antes das alegações finais e sentença.

Os denunciados incluem Fábio Augusto Vieira, Klepter Rosa Gonçalves, Jorge Eduardo Naime, Paulo José Ferreira, Marcelo Casimiro, Rafael Pereira Martins e Flávio Silvestre de Alencar.

Investigação

À Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro, Naime informou que não estava trabalhando no dia dos atos golpistas, nem participou dos planejamentos das autoridades para a data.

Segundo Ricardo Capelli, então interventor nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Segurança Pública do DF, o coronel Jorge Eduardo Naime Barreto teria retardado propositalmente a linha de contenção da PM durante os atos golpistas de 8 de janeiro. Capelli afirmou ter visto pessoalmente os comandados de Naime avançando lentamente diante dos manifestantes bolsonaristas.

Naime, responsável pela segurança da Esplanada dos Ministérios naquele dia, pediu folga de 3 a 8 de janeiro, uma decisão aprovada pelo então comandante-geral da PMDF, Fábio Augusto Vieira, ambos posteriormente exonerados.

O coronel alega que estava de folga no dia dos ataques e, portanto, não pode ser responsabilizado. Ele afirmou que o efetivo policial na rua foi insuficiente para conter os manifestantes, alegando que “a polícia foi pega de surpresa” porque “o ato em si não foi normal”.

A Polícia Militar do DF é responsável pela segurança na Praça dos Três Poderes, onde ocorreram diversos pontos de incêndio e ataques durante os protestos.