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Obra que prevê sequência de modificações na Rua da Divisa e Avenida João Leite foi anunciada pelo vereador Anselmo Pereira (MDB)

Foto: Fernando Leite/Jornal Opção

O vereador Anselmo Pereira (PSDB) divulgou, em seu perfil nas redes sociais, um edital de licitação para realização de uma obra de engenharia no Setor Jaó.

O documento prevê a duplicação, com execução de terraplanagem, pavimentação, sinalização e construção de galerias de águas pluviais na Rua da Divisa e Avenida João Leite. De acordo com a publicação feita pelo parlamentar, o início da obra será ainda este mês.

Acontece que a notícia não foi bem recebida por parte dos moradores da região, haja vista que muitos deles se mostraram insatisfeitos com a divulgação de Anselmo em seu perfil no Instagram. Para muitos, o vereador tem trabalhado para viabilizar a obra sem ouvir os moradores do bairro.

Os moradores do bairro fizeram uma assembleia, no fim do mês de maio, para que os residentes pudessem votar se eram a favor ou não a obra. Ao todo, representantes de 450 residências do bairro votaram, destes 84% disseram ser contra a duplicação.

Adriana Reis Dourado, que preside o 31º Conselho Comunitário de Segurança de Goiânia (que representa o setor Jaó), explica que foram em busca de informações sobre a obra e descobriram que não há estudo de impacto ambiental, de trânsito e de vizinhança. “Estes estudos só serão feitos pela empresa que ganhar a licitação para executar a obra. Isso precisava ser feito antes”.

Adriana relata que há um documento na Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma) que confirma que na extensão da obra há um espaço preservação ambiental. “Além disso, fizemos uma contagem de veículos e percebemos que 3.444 carros passam pelo local em um intervalo de duas horas. Estudos de engenharia apontam que esse fluxo deve triplicar após as obras”, argumenta.

Os representantes dos moradores já buscaram o Ministério Público, Ministério Público Federal e Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Goiás(CAU) e prometem judicializar o impasse. “Acreditamos que estão querendo usar essa duplicação para ligar a Avenida Perimetral com a BR-153. Tirando o Trânsito da Avenida Vera Cruz. Mas vão jogar um trânsito pesado, com muitos caminhões para dentro de um bairro residencial. Isso tem muito impacto” aponta Adriana.

Abaixo estão listados alguns dos comentários tecidos nas redes sociais do parlamentar logo após a divulgação do documento acrescido da seguinte tag: “#goianianãovaiparar”. Veja:

“Os moradores do Setor Jaó se manifestaram contra essa obra! A vontade de nossa comunidade deve ser respeitada. Cadê o estudo de impacto ambiental??? E outra, essa obra é realmente prioridade nesse momento de crise que estamos vivendo? Não é! Goiânia está virando um canteiro de obras inacabadas e de qualidade duvidosa”.

“Não sou a favor. Respeite os moradores! Isso será mais um transtorno. Ao invés de duplicar a Rua Da Divisa porque não coloca sinalização na Avenida Rio Branco? Há vários atropelamentos de pessoas e animais. Morreram 2 pessoa há poucos dias. E ninguém faz nada!”.

“E a praça de Lourdes que vai custar aos nossos bolsos mais de 850.000,00!!!!! Eleições chegando, nenhuma novidade. Vamos cobrar desses políticos, já que na hora de pedir votos eles chegam a nos carregar”.

“Vereador, porque vc apoia isso se a comunidade do Jaó foi contra ? Vc representa os interesses comerciais ou da comunidade? Eleições estão aí , não esqueceremos”.

“Essa obra trará vários transtornos aos moradores do setor Jaó além de prejudicar uma importante nascente e áreas verdes. O projeto não foi discutido com a comunidade. Sou moradora do setor e contra a essa duplicação”.

“Acho horror, o dia inteiro de grande movimento, acabando com nossa paz. Sou moradora desde 1983, essa rua deixou de ser da divisa, se tornou da passagem”.

“O interesse da comunidade local, que se preocupa com o meio ambiente e a tranquilidade, deve prevalecer sobre interesses comerciais e politiqueiros. Os moradores do setor estão unidos contra essa obra!!”.

A identidade de cada um dos internautas que se revoltaram diante do post será preservada. Além disso, a reportagem tentou contato com o parlamentar a fim de que explicasse a situação e pudesse esclarecer o imbróglio criado com a população da região. No entanto, os telefonemas não foram atendidos.