Ministério Público denuncia Cacai Toledo e três PMs por assassinato de Escobar

02 dezembro 2023 às 17h41

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O Ministério Público Estadual de Goiás (MP-GO) denunciou nesta sexta-feira, 1º, o ex-presidente do DEM (hoje UB) de Anápolis Carlos César Savastano de Toledo, conhecido como Cacai Toledo, e mais três policiais militares pelo assassinato do empresário Fábio Alves Escobar Cavalcante. A Polícia Civil de Goiás concluiu a investigação sobre a morte do empresário e apontou Cacai como mandante do crime.
Welton da Silva Vieiga, policial militar falecido em janeiro deste ano, é apontado como executor do assassinato de Escobar, enquanto as outras sete mortes foram, segundo a PC-GO, planejadas para encobrir o crime. Outros cinco PMs também foram denunciados por seis mortes em suposta tentativa de encobrir o caso.
Conforme mostrou o Jornal Opção anteriormente, o relatório final da investigação, conduzida pela Delegacia Estadual de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), foi encaminhado à 1ª Vara Criminal da Comarca de Anápolis na última sexta-feira, 24. Apesar do mandado de prisão preventiva contra Cacai ter sido emitido há mais de 15 dias, a polícia ainda não conseguiu efetuar a prisão.
Contrariando a alegação da defesa de que o ex-presidente está no Canadá em viagem de negócios, a Polícia Federal informou à Draco que não há registro recente de sua saída do país. Sendo assim, ele segue foragido. A denúncia do MPGO também mostrou movimentações bancárias incompatíveis com os rendimentos deles. Dois dos suspeitos chegaram a girar cerca de R$ 6 milhões num período de quatro anos.
A defesa nega as acusações e contesta o indiciamento. Em depoimento na quarta-feira (22), a assessoria de Cacai afirmou que o levou à Rotam para “pedir orientações” sobre as ameaças que ele vinha recebendo de Escobar (confira ao final). Procurada novamente pelo Jornal Opção, a assessoria ainda não se manifestou sobre a denúncia. O espaço segue aberto.
A reportagem não conseguiu localizar a defesa dos PMs.
Investigação
Após o homicídio de Fábio Escobar em 23 de junho de 2021, uma série de mortes se sucedeu: Bruna Vitória Rabelo Tavares em 23 de agosto de 2021; Gabriel dos Santos Vital, Gustavo Lage Santana e Mikael Garcia de Faria horas depois do falecimento de Bruna; e Bruno Chendes, Daniel Douglas de Oliveira Alves e Edivaldo Alves da Luis Junio em 19 de janeiro de 2022.
O celular usado para atrair Escobar ao local do assassinato era de Bruna, uma traficante identificada e namorada de outro traficante. O aparelho foi roubado por policiais militares, conforme Bruna mesma relatou na época. Dois dias antes da morte de Escobar, um chip foi ativado no celular anteriormente pertencente a Bruna, em nome do empresário.
Esse evento foi crucial para a identificação dos policiais militares envolvidos nas mortes. Welton da Silva Vieiga é apontado como executor, graças ao monitoramento das torres de telefonia durante a ativação do chip. O inquérito destaca que o telefone permaneceu conectado a seis torres de telefonia, sendo quatro delas cobrindo a residência de Vieiga e duas localizadas exatamente no local onde Fábio Escobar foi morto.
À época, ele tomou um táxi para se encontrar com um homem chamado “Fernando” que havia entrado em contato com ele supostamente interessado em vender uma lavanderia, ramo no qual o empresário já atuava. Foi durante esse encontro que ele foi assassinado. Segundo o MPGO, os criminosos estavam em um carro e usavam máscaras tipo “balaclava”.
Segundo a denúncia, Cacai foi acusado de acertar a morte com o PM Vieiga, mas não há detalhamento sobre o contato e as ligações entre eles. Os promotores afirmam que, continuando a busca por um executor para o crime, Carlos Toledo chegou ao já falecido policial militar Welton Vieiga, dedicado à prática de extermínio. Este último teria aceitado a empreitada criminosa e atraiu os denunciados (Glauko, Thiago e Érick) para auxiliá-los na consecução do crime.
Glauko é acusado de roubar um celular de um casal de traficantes e repassá-lo a Thiago. Este, por sua vez, entregou o aparelho a Érick, que teria cadastrado um chip. Esse chip foi utilizado para atrair Escobar até o local onde foi morto, no Setor Sul Jamil Miguel, em Anápolis.
Íntegra defesa de Cacai Toledo
“A defesa de Carlos Toledo reafirma que, após longo período de discussões e pedido de medidas protetivas judiciais propostas contra Fábio Escobar, já haviam inclusive se reconciliado, conforme comprovado no inquérito por mensagens trocadas entre eles, não havendo motivo para Carlos querer qualquer mal a Fábio.
Carlos confia na Justiça, bem como na isenção das autoridades responsáveis pela investigação, as quais certamente não protegerão qualquer possível interessado em fazer mal a Fábio nem perseguirão inocentes por motivação política ou para proteger terceiros.
Carlos busca revogar sua injusta prisão preventiva, para que possa responder a essa acusação em liberdade, pois teme por sua integridade e sua vida caso seja inserido no sistema prisional, sendo que seu temor se deve aos acontecimentos ocorridos após o falecimento de Fábio.