Informações serão divulgadas a pedido de países compradores dos produtos brasileiros. Dos 21 frigoríficos investigados, seis fizeram exportações nos últimos meses

O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, defendeu o sistema de inspeção agropecuária brasileiro | Foto: Marcelo Camargo/Arquivo Agência Brasil

O ministro da Agricultura Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, garantiu que nesta segunda-feira (20/3) será divulgado o nome e dos dados das empresas citadas nas investigações que desvendaram um esquema criminoso de pagamento de propina entre fiscais federais e frigoríficos brasileiros, e para quais países elas exportaram nos últimos dois meses.

Os nomes serão revelados a pedido da China e da União Europeia. De acordo com o ministro, seis dos 21 frigoríficos investigados pela Carne Fraca exportaram produtos nos últimos 60 dias.

“Acho absolutamente natural que os países façam isso, estaremos prontos a responder a todos os países que se manifestarem. Temos que ser o mais transparentes possíveis nesse processo, dando as informações, de imediato, para que não restem dúvidas sobre a lisura do processo que o Brasil tem”.

O esquema criminoso de “maquiagem” de carnes estragadas foi desvendado pela Operação Carne Fraca da Polícia Federal, deflagrada na última sexta-feira (17/3).

Após reunião de emergência com o presidente Michel Temer no domingo (19) e representantes de países compradores de carne brasileira, o ministro criticou a “narrativa” feita pela Polícia Federal ao divulgar a operação e o fato de o Ministério da Agricultura não ter sido informado das investigações.

“Acho que essa questão é muito mais da forma como foi comunicado e a narrativa que foi feita. Não posso ter controle sobre como as pessoas se expressam. Sobre a questão do papelão está claro no áudio de que estavam falando das embalagens e não de misturar papelão na carne. Isso é uma idiotice, uma insanidade para dizer a verdade”, disse Maggi.

Segundo o ministro, as empresas investem “milhões e milhões de dólares” para conquistar mercados e não seria razoável que elas misturassem papelão para aumentar seus lucros. “A narrativa nos leva a criar fantasias”, disse Maggi. O ministro disse ainda que o uso de ácido ascórbico e carne cabeça de porco nos embutidos, por exemplo, é permitido e a forma como essas informações foram divulgadas não foi adequada.

“No regulamento está lá escrito [que pode usar cabeça de porco] em percentuais em determinados produtos. Portanto, a fala de uma empresa que está comprando matéria prima para utilizar em A, B ou C é permitido, não tem irregularidade nesse processo. Em função da narrativa é que se criou esse grande problema que estamos aqui colocados hoje”.

Maggi voltou a defender que o sistema de fiscalização sanitária do país e a classificou como confiável. “Temos um sistema de fiscalização muito forte, robusto, reconhecido pelo mercado internacional, checamos toda a qualidade. Ao chegar aos países de destino, todos os produtos são novamente fiscalizados e checados. Nenhum mercado internacional é realizado sem que antes haja o reconhecimento dos sistemas de fiscalização, sanidade entre os países.” (Com Agência Brasil)