“Ministério da Saúde teve praticamente um mês perdido”, diz deputado Efraim Filho sobre saída de Teich
15 maio 2020 às 23h04
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Pedido de demissão de Nelson Teich foi assunto em sessão virtual da Câmara dos Deputados nesta sexta-feira, 15
A saída de Nelson Teich do Ministério da Saúde repercutiu na sessão virtual da Câmara dos Deputados desta sexta-feira, 15. Para o deputado Efraim Filho (DEM-PB), Teich deixou a população desorientada e não assumiu suas funções.
“A impressão que fica é de que ele nunca assumiu realmente as suas funções. Desde a saída do ex-ministro Mandetta, o Ministério da Saúde teve praticamente um mês perdido. No momento mais crítico da pandemia, deixou a população desorientada, sem um ponto de referência de autoridade da saúde, e a gente espera que isso possa se organizar daqui por diante”, disse.
Impacto no governo
O deputado André Figueiredo (PDT-CE), afirmou que a saída do médico oncologista sinaliza falta de condições de governar do presidente Jair Bolsonaro.
“Isso corrobora o que estamos constatando: que o presidente da República, lamentavelmente, não tem condição de administrar o país num momento como esse. É lamentável nós vermos que o nosso país vai ter um terceiro ministro da Saúde em menos de 60 dias, num momento em que era necessário fazer o enfrentamento da pandemia com o mínimo de competência de uma equipe vocacionada, e que seja respeitada na comunidade científica.”
Já líder do governo, deputado Vitor Hugo (PSL-GO), defendeu que a saída de Teich não afeta a capacidade do governo de continuar cuidando da saúde dos brasileiros e demonstrou preocupação com a economia. “O governo federal tem feito todos os esforços para salvar vidas, que é a nossa prioridade, e também preservar os empregos dos brasileiros” ressaltou.
“Agradar os interesses americanos”
A deputada Bia Kicis (PSL-DF) acredita que o oncologista deveria ter acordado com orientações de Bolsonaro.
“Por mais respeitável que seja o Dr. Nelson Teich, como médico oncologista, como gestor de saúde, ele não se sensibilizou com a necessidade de alterar o protocolo do Ministério da Saúde. Não adianta querer esperar evidências científicas, porque pessoas estão morrendo e o fato é que a hidroxicloroquina está salvando vidas”, afirmou a deputada.
O deputado José Guimarães (PT-CE) rebateu que brasileiros “não são cobaias”, pois a hidroxicloroquina é um dentre muitos medicamentos que estão sendo testados para tratamento do coronavírus, mas não há evidências de sua eficácia fora dos testes em tubos de ensaio.
“Bolsonaro quer que o ministro da Saúde possa usar a cloroquina para agradar os interesses americanos. Essa é a razão principal da demissão do ministro da Saúde. É um governo que está aos frangalhos.”
O general Eduardo Pazuello assume interinamente Ministério da Saúde.