Anúncio foi feito contra o posicionamento do presidente Jair Bolsonaro, que não é favorável a a vacinação das crianças desta faixa etária

Seguindo a determinação do ministro Ricardo Lewandowski do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou nesta quarta-feira, 5, a inclusão de crianças de cinco a 11 anos no Plano Nacional de Imunização (PNI) e no Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação Contra a Covid-19. A imunização será regulamentada pelas secretarias municipais e estaduais de saúde, mas a recomendação é a de que a aplicação das doses siga uma ordem de prioridade e também o prazo de oito semanas para a aplicação da dose de reforço.

No pronunciamento, o ministro disse que segue a recomendação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que aprovou a aplicação da vacinação de crianças que estão nesta faixa etária. “Estamos aqui para anunciar as condições para que a vacinação destas crianças seja feita, mesmo não sendo o grupo com a maior mortalidade”, comentou o ministro. O anúncio foi feito contra o posicionamento do presidente Jair Bolsonaro (PL), que não é favorável a vacinação das crianças desta faixa etária. O ministro, no entanto, diz que não tem a ver com a vacinação de crianças de zero a 18 anos.  

“Não é o escopo da discussão de hoje. A discussão de hoje é das crianças de cinco a 11 anos, que já têm evidência científica própria construída e onde já há dados sobre os aspectos regulatórios, ainda que sejam dados a curto prazo”, comentou o ministro, que acredita que o Brasil está com um aspecto “mais equilibrado” da pandemia.  

De acordo com a secretária extraordinária de Enfrentamento à Covid-19, Rosana de Melo, é o resultado da atenção do MS junto ao que acontece a nível nacional e internacional no que diz respeito à pandemia. “Antes do anúncio, a gente já contava com uma série de ações e processos que precisavam ser tomados seguindo a legislação brasileira”, explicou a secretária ao lembrar as peculiaridades destas crianças que estão em desenvolvimento.  

A recomendação do Ministério da Saúde é de que haja uma ordem de prioridade de vacinação para as crianças que têm alguma comorbidade, deficiência permanente, crianças que vivem em um lar com pessoas que possam desenvolver o caso mais grave da doença e, na sequência, as demais crianças, seguindo a ordem decrescente, porque as crianças saem mais para a escola. “Isso será definido em lei, pelos municípios”, acrescenta a secretária.  

Intervalo de 8 semanas 

De acordo com Queiroga, o intervalo de vacinação destas crianças será de oito semanas, porque esse intervalo deve ser ampliado tanto para adultos, quanto para crianças, e é por isso estas crianças terão um intervalo maior, à exemplo da Austrália, Canadá, Espanha, Reino Unido e Portugal. “Queremos que os riscos para as crianças sejam o menor possível e vamos buscar minimizar este impacto”, explicou Rosana Melo.