Não é por acaso que há uma verdadeira peregrinação de políticos ao escritório do ex-prefeito nos últimos dias. Todos de olho em 2022 e querendo saber quais serão as próximas definições do MDB

O rompimento entre o grupo do MDB ligado ao presidente do partido, Daniel Vilela, e o Paço Municipal, representado pelo prefeito Rogério Cruz, do partido Republicanos, mexeu com o tabuleiro político em Goiás e deixou as próximas jogadas um tanto quanto nebulosas.

Com as cartas bem embaralhadas, uma figura se tornou o centro da solução de todo esse impasse: o ex-prefeito Iris Rezende. Não é por acaso que seu escritório político foi alvo de uma verdadeira peregrinação nos últimos dias. O governador Ronaldo Caiado (Democratas) esteve com o ex-prefeito nesta semana. Ontem foi a vez do prefeito de Goiânia, Rogério Cruz, acompanhado do secretário de Governo, Arthur Bernardes.

Teria Iris o “mapa da mina” que os políticos tanto almejam? De que forma o aposentado (será que está aposentado?) poderia interferir e contribuir para as causas daqueles estão na ativa? A resposta é uma só: Iris é ponte que conversa com o MDB de Daniel Vilela, com o grupo liderado pelo governador Ronaldo Caiado e ainda com o Paço Municipal. O decano emedebista é um diplomata.

É salutar lembrar que, após o rompimento entre Daniel e Rogério, alguns ex-auxiliares do Paço ligados ao presidente do MDB foram acomodados no governo do Estado, o que dá indícios de uma aproximação do partido com o Palácio das Esmeraldas. Há ainda uma tendência de o Republicanos do prefeito caminhar com a base de Ronaldo Caiado. João Campos está de olho na vaga de senador. Iris seria a “cola” que pode unir as facções políticas, internas (do MDB) e de outros partidos (vale lembrar que também é evangélico).

Para o cientista político Guilherme Carvalho, Iris tem a missão de buscar a coesão dentro do MDB que acabou rachado após o rompimento de Daniel Vilela com o Paço. “Essa é a joia da coroa, o que ele vem tentando fazer. Se Iris falhar na sua missão, o MDB chegará fraquíssimo no ano que vem”, prevê. Uma conclusão pertinente. Porque parte da força de Daniel Vilela advinha de sua ligação com o Paço Municipal. Goiânia, afinal, é um micro Estado, em termos de arrecadação, e tem quase 1 milhão de eleitores.

“Nesse cenário com o Paço, a tendência é de que o MDB se desagregue e isso impacta diretamente no consenso dentro do partido. Caso isso não seja mantido e Daniel se imponha, pode prejudicar a estratégia do MDB, uma vez que vários parlamentares devem procurar outros partidos na janela partidária do ano que vem visando estar próximos do governador para garantir a possibilidade de uma eleição”, frisa o cientista político Guilherme Carvalho.

Se cumprir com sucesso esse papel de unir as diferentes frentes políticas em jogo, Iris terá dado sua contribuição na formação de chapa que pode se dizer praticamente imbatível em 2022.