O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, emitiu um alerta preocupante nesta quinta-feira, 27, afirmando que julho de 2023 está a caminho de se tornar o mês mais quente já registrado no mundo. A afirmação veio após a Organização Meteorológica Mundial (OMM) da ONU e o Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus da União Europeia divulgarem um comunicado conjunto que prevê que é “extremamente provável” que este mês quebre o recorde histórico de calor.

As evidências do impacto do calor extremo são visíveis em várias regiões do globo. Incêndios florestais assolaram a ilha grega de Rodes, forçando milhares de turistas a evacuarem a área. Além disso, o sudoeste dos Estados Unidos enfrentou uma onda de calor escaldante, causando problemas de saúde e preocupações ambientais. Na China, um novo recorde nacional de temperatura foi estabelecido, atingindo uma máxima de 52,2°C em um município do noroeste do país.

0,2º C mais quente

A Universidade de Leipzig, na Alemanha, divulgou um estudo que reforça a previsão alarmante. De acordo com a análise, julho de 2023 está projetado para ser 0,2°C mais quente do que o julho de 2019, que detinha o registro anterior há 174 anos. A margem de diferença é tão substancial que os cientistas afirmam com certeza que este mês será o mais quente já registrado. Estima-se que a temperatura média global esteja aproximadamente 1,5°C acima da média pré-industrial.

Cientistas climáticos destacam que o aumento do calor é uma consequência direta da mudança climática causada pela emissão contínua de gases de efeito estufa. Karsten Haustein, cientista climático de Leipzig, enfatizou que as temperaturas observadas neste julho podem ser comparadas a condições climáticas que não ocorriam na Terra há milhares ou até dezenas de milhares de anos.

Diante da gravidade da situação, António Guterres enfatizou a necessidade de ações urgentes e coletivas para combater a mudança climática e seus impactos devastadores. Ele ressaltou que “a mudança climática está aqui. É aterrorizante. E é apenas o começo”. O alerta serve como um chamado para que governos, organizações e cidadãos do mundo todo tomem medidas efetivas para enfrentar essa crise e buscar soluções sustentáveis para proteger o planeta e a humanidade.

Hemisfério sul tem clima corriqueiro

Apesar da visão alarmistas do secretário-geral da ONU, para o gerente do Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas de Goiás (Cimehgo), Goiás e o hemisfério sul tem vivido uma situação corriqueira. “Não que chamou atenção, mas foi um começo de mês atípico já que umidade do ar entrou em alerta na primeira quinzena de julho, a umidade relativa do ar está oscilando entre atenção e alerta, não devemos recuar muito e o período de estiagem está dentro do esperado mesmo”, aponta.

Ele diz que a maior preocupação para o Estado é a chegada do período El Niño, que pode afetar a qualidade de vida da população. “Mas estamos tão acostumado com isso, que apesar de você sentir cansaço ou algum mal estar, não deve afetar tanto a rotina. Alguns municípios já chegaram a 20% novamente e causa um desconforto, principalmente por causa da poeira e fuligem de queimada”, explica.

O que é El Niño

O El Niño é um fenômeno climático que pode causar irregularidades nas chuvas em Goiás. Amorim explica que o El Niño é o aquecimento anômalo das águas do pacífico equatorial. E como consequência, esse aquecimento promove mudanças e altera as correntes de vento que percorrem o globo todo. Diferente do La Niña, o El Niño dificulta a entrada de ar polar, ou seja, impede que frio avance por Goiás.

Leia também:

Goiás pode registrar temperaturas abaixo de 20ºC no feriado de Tiradentes

Inverno em 2023 será atípico e com possibilidade de Super El Niño