Médica que sequestrou bebê é presa em Goiás por suspeita de homicídio
05 novembro 2025 às 08h14

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A médica Cláudia Soares Alves, que ficou conhecida nacionalmente por sequestrar uma recém-nascida de três horas de vida do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU), voltou a ser presa nesta semana. Desta vez, ela é suspeita de envolvimento em um homicídio ocorrido em 2020, também em Uberlândia, no Triângulo Mineiro.
De acordo com a Polícia Civil de Goiás (PC-GO), três pessoas foram detidas durante a operação — a médica e dois homens que teriam participado diretamente do crime. As prisões ocorreram em Itumbiara, cidade onde Cláudia havia sido localizada anteriormente com o bebê sequestrado, em julho de 2024.
Segundo as investigações, os três suspeitos serão transferidos para Uberlândia, onde ficarão à disposição da Justiça mineira. Para a polícia goiana, ela demonstra um transtorno de personalidade nesse sentido de fazer tudo a qualquer custo para ser mãe de uma menina. Tentou adoções fraudulentas, chegou a procurar formas ilegais de obter uma criança, inclusive tentando comprar um bebê no estado da Bahia.
Obsessão por ser mãe
As investigações apontam que Cláudia mantinha um comportamento obsessivo ligado à maternidade. Segundo a polícia, desde 2020 ela buscava engravidar por meio de fertilização in vitro, mas não obteve sucesso.
Durante o cumprimento de mandado de busca na casa dela, os policiais encontraram um quarto montado para uma criança, com paredes pintadas de rosa, roupas infantis, um berço e uma boneca posicionada como se estivesse dormindo. O ambiente reforça, segundo os investigadores, o perfil psicológico que vinha sendo traçado ao longo das apurações.
De professora a ré por tráfico de pessoas
Em setembro de 2025, Cláudia foi demitida da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), onde havia tomado posse como professora da Faculdade de Medicina poucos meses antes de cometer o sequestro.
A médica foi flagrada pelas câmeras do hospital ao entrar no local vestida como profissional de saúde, usando jaleco, touca, luvas e crachá da instituição, e retirar o bebê dos braços da mãe, sob o pretexto de que o levaria para alimentação.
Ela acabou sendo presa em flagrante em Itumbiara (GO) no mesmo dia, após uma operação conjunta das polícias de Minas e Goiás. À época, foi indiciada por tráfico de pessoas e falsidade ideológica.
Segundo a defesa, Cláudia sofre de transtorno bipolar e estaria em crise psicótica no momento do sequestro, argumento que também deverá ser usado no novo processo.
Prisões e investigação
Com as novas prisões, a Polícia Civil de Minas Gerais busca esclarecer a possível motivação e o grau de participação da médica no homicídio investigado, ocorrido cinco anos antes do sequestro.
Os dois homens presos junto com ela também são apontados como cúmplices diretos na execução do crime.
A investigação segue em andamento, e a polícia não divulgou detalhes sobre a vítima ou as circunstâncias do homicídio para não comprometer as diligências.
