MDB precisará caminhar sob conselhos e legado de Iris, opinam vereadores

10 novembro 2021 às 17h38

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Ao Jornal Opção, parlamentares do MDB na Câmara de Goiânia falam sobre o impacto da perda de Iris para a política goiana e contam sobre sua relação pessoal com o político
Após o falecimento do ex-prefeito da capital goiana, Iris Rezende (MDB), vereadores de Goiânia filiados ao MDB falam ao Jornal Opção sobre a marca deixada pelo político ao partido e à própria política goiana. Em consenso, todos pontuaram acerca da responsabilidade do respeito ao seu legado e da necessidade em prosseguir com os conselhos, ensinamentos e direcionamento que Iris deixou a sigla.
Apesar de ter passado por outros dois partidos em sua trajetória, Iris ingressou no MDB no mesmo ano de sua fundação, em 1966. Desde então, fez do MDB sua casa. Ou talvez, como comparam os parlamentares: uma escola – que agora, se encontra sem seu professor. Com a partida de Iris, as atuais lideranças do partido e seus demais membros, alunos de Iris Rezende, deverão sustentar seu legado. Na Câmara Municipal, atualmente o MDB conta com seis vereadores: Anselmo Pereira, Clécio Alves, Dr. Gian, Henrique Alves, Izídio Alves e Kleybe Morais.
“O MDB sempre se sustentou nas ações do nosso ex-vereador, ex-deputado estadual, ex-prefeito de Goiânia, ex-governador e ex-ministro. Ele sempre foi o farol do MDB. Deixando de estar fisicamente presente, é preciso que aqueles que vão tocar o MDB vejam as ações e sigam o exemplo dele”, acrescenta Anselmo Pereira. Algo que deve passar a ser cultivado com mais afinco, por ter sido prioridade de Iris, de acordo com Anselmo, é a própria união do partido e a luta pela representação da sigla em todos os municípios de Goiás.
“A presença da ação política dele histórica tem que ser valorizada”, pontua Anselmo. Para Dr. Gian, por outro lado, o legado de Iris passa pela esfera da transformação. “Ele mostra que podemos transformar a vidas das pessoas, principalmente das pessoas que necessitam do poder público na área de de habitação, moradia, na área de saúde e educação, sem fazer distinção entre as pessoas”, afirma.
Dr. Gian ainda menciona a criação de um instituto, o Instituto Iris Rezende, que se encontra em desenvolvimento para orientar jovens que estejam ou tenham o desejo de ingressar na política. “Lá vamos poder falar de política, levar os jovens a política e ensinar política às pessoas”, acrescenta. Apesar de consistir, segundo os parlamentares, em uma lacuna impossível de ser preenchida, a personalidade de “político predestinado”, como caracterizou Anselmo, deve ser usada como inspiração por todos aqueles que desejarem fazer uma “boa política”.
O motivo, para Henrique Alves, foi a ética e transparência que marcaram as gestões de Rezende. “Quem tem essa intenção de ingressar na vida pública, acredito que deveria conhecer a história do Iris, pesquisar sobre ele, porque ele é uma pessoa que teve sua vida marcada pela transparência, pela seriedade no trato com a coisa pública e pela ética. Sem dúvidas são de pessoas assim que nós precisamos na política para que possamos levar mais benefícios ao povo, principalmente para aquelas pessoas que mais precisam”, opina.
Como maior exemplo a ser seguido, Izídio Alves fala sobre a importância de se estar ao lado do povo, uma vez que quem elege seus representantes é a própria população, em um regime democrático. Esse olhar, no entanto, segundo Izídio, é esquecido por muitos, mas era lembrado pelo falecido emedebista. “Se uma pessoa quer ser honesta, se inspire no Iris. Se uma pessoa que quer ser trabalhadora, se inspire no Iris. Se quer ser humano, tratar as pessoas bem, se espelhe no Iris”, afirma.
Muito além da política
Característica marcante do ex-prefeito de Goiânia eram os famosos conselhos que Iris dava ao demais políticos. Suas habilidades e estratégias eram, inclusive, admiradas e reconhecidas por adversários. No entanto, era através dessas conversas, quase sempre longas, que Iris construía uma profunda relação com seus “pupilos”. Especialmente do MDB, é difícil encontrar algum parlamentar que não tenha uma lembrança para contar de sua relação com o ex-prefeito. E os vereadores de Goiânia são exemplos disso.
Ao estreitar das relações, Clécio Alves teve Iris Rezende como padrinho de seu casamento. Ele conta, que antes mesmo de entrar para a política, conhecer pessoalmente o político emedebista era um sonho. E que ao revelar este fato, anos depois, em uma viagem com Rezende, o ex-prefeito de Goiânia caiu no choro, emocionado. “Nesse dia, ele se emocionou, e eu o abracei. É uma perda irreparável é um estadista, é um homem diferenciado”, completou, além de acrescentar que Iris o considerava “seu irmão mais novo” – sentimento recíproco por parte do vereador.
Do mesmo modo, tanto Anselmo Pereira, quanto Izídio Alves, atualmente em seus décimo e oitavo mandatos, respectivamente, afirmam não terem perdido somente um grande mentor, mas um amigo próximo – também um “irmão”. Ao relembrar momentos marcantes com o ex-prefeito e ex-governador, Anselmo relata que uma grande característica de Iris era seu hábito de “servir ao próximo”. “Ao visitá-lo e chegar em sua mesa, não a mesa do Paço Municipal ou a mesa do seu escritório, mas a mesa de sua casa, a primeira coisa que ele faz é te servir. E você teria que comer”, narra o vereador.
Já Kleybe Morais relaciona a imagem do político com a de sua própria família, enchendo os olhos de lágrimas ao relembrar o abraço de Iris em seus filhos. “A imagem que fica para mim é a dele abraçando meus filhos, sorrindo e brincando comigo. O amor que ele tinha dentro de si era algo contagiante, e acho que esse era o segredo dele: o amor”, conta. Ele ainda afirma que sua profunda relação com Iris também passa por quem ele se constitui hoje. “Só sou vereador hoje porque segui a cartilha do Iris. A partir disso, minha a minha imagem ficou muito vinculada a imagem do ex-prefeito Iris Rezende, mesmo não tendo sido uma medida premeditada”, pontua.