Mais um adolescente goiano deve responder por ameaça a atentado em escola. Em pouco mais de um mês é o terceiro caso parecido onde jovens trocam mensagens na internet articulando possíveis ataques. Nas imagens de whatsapp às quais a imprensa teve acesso, jovens falam sobre caso em Suzano, usam a palavra massacre e postam imagens nazistas. Até agora, os casos em setembro e outubro ocorreram em Goiânia, São Francisco de Goiás e Sanclerlândia.

A Polícia Civil de Goiás, por meio da equipe da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Cibernéticos (DERCC), cumpriu mandado de busca e apreensão em relação a esse adolescente na última sexta-feira (7). De acordo com a corporação, o smartphone continha material de apologia a atentados em escolas, nazismo e conteúdo de propagação de ódio.

Para a vice-diretora da Faculdade de Educação (FE) da Universidade Federal de Goiás, Amone Alves, o momento de radicalização do discurso dos adolescentes merece ser olhado com atenção. “Ultimamente, o discurso de ódio pautou a educação, entrando nas escolas, devido aos arranjos políticos engendrados pelo presidente da república, que fala em nome da política armamentista, incentivando a compra das armas e a eliminação de contrários ao que ele pensa. Muitas dessas crianças, incorporam o discurso bárbaro e adentram espaços escolares armadas, colocando em risco colegas e docentes. Somente com a educação em uma perspectiva emancipatória é que poderemos reverter essa questão dos ataques”, explicou.

Michele Prado, pesquisadora do tema e autora do livro “Tempestade Ideológica”, conta que na Bahia foram dois ataques efetivados e seis ameaças em menos de um mês. Michele explica que o extremismo político/ideológico e/ou religioso aumentou mundialmente o seu raio de alcance. “Esses conceitos nos chegam através de diversos processos, desde um compartilhamento no WhatsApp (uma plataforma livre de qualquer moderação), dos algoritmos dessas plataformas ou até mesmo através do engajamento que pode ser produzido quando denunciamos um perfil/conteúdo extremista”, explica.

A operação contou com um relatório produzido pela Adidância da Agência de Investigações de Segurança Interna (Homeland Security Investigations – HSI), da Embaixada dos Estados Unidos em Brasília, encaminhado a essa Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Cibernéticos pelo Laboratório de Operações Cibernéticas da Diretoria de Operações da Secretaria de Operações Integradas do Ministério da Justiça e Segurança Pública.

A HSI investiga prática de atos de terrorismo de alguns usuários do Instagram, “com a possível intenção de cometer atos graves de violência, incluindo massacres escolares”, havendo, naquela rede social, conversas que discutiam a “intenção de potencialmente cometer atos graves de violência contra crianças, adolescentes, mulheres e animais”, o que envolvia ao menos um usuário de redes sociais localizado em Goiás-GO.

A equipe da DERCC identificou e localizou tal usuário, cuidando-se, pois, de um adolescente morador de Sanclerlândia, representando prontamente ao Poder Judiciário por medida de busca e apreensão, a qual foi deferida e cumprida naquela cidade. A polícia afirmou ainda que inicialmente o adolescente negou envolvimento, mas que confrontado com provas da sua conduta, reportou que tais comportamentos se deram por sofrer bullying na escola onde estuda. Após a operação, ficou agendada a oitiva do adolescente. As investigações seguirão para que se apure a conduta de outros envolvidos.