Marconi caminha a passos firmes na modernidade enquanto o cacique peemedebista está com os pés fincados no passado

27 outubro 2014 às 15h29

COMPARTILHAR
A diferença histórica de 14 pontos de Marconi Perillo para Iris Rezende nesta quarta vitória para o governo de Goiás é resultado de vários fatores que, unidos, contribuem para essa vantagem a favor do tucano. Marconi caminha a passos firmes na modernidade enquanto o cacique peemedebista ainda está com os dois pés fincados num passado bem distante.
A convivência e atuação de ambos na internet e redes sociais evidenciou essa diferença. Marconi deu literalmente um show em cima de Iris Rezende e o peemedebista foi engolido nas redes sociais. A principal novidade de Marconi Perillo nesta campanha foi levar ao pé da letra o conceito de tempo real – fator fundamental e motor da internet.

O trabalho coordenado pelo jornalista João Bosco Bittencourt consistia em registrar toda a agenda de Marconi e conteúdo em tempo real, e tudo (fotos, textos, notas) transmitido na hora via WhatsApp para apoiadores e a equipe de mídias sociais alimentarem as redes sociais. O resultado dessa cadeia de informação é que Marconi nunca ficava desamparado na internet e sua campanha sempre se mostrou ativa e conectada com o eleitor, diferente da agenda de Iris Rezende, que muitas vezes parecia nem estar em campanha.
João Bosco Bittencourt, homem de confiança de Marconi, acompanhou o governador em todos os eventos nos quatro cantos de Goiás e fez um trabalho que priorizou a agilidade e criatividade. A ideia foi criar uma rede de informação em torno do governador para que seu trabalho chegasse a todos o mais rápido possível. Em pouco tempo este objetivo era alcançado e o fato de o governador ser um cidadão conectado e adepto da modernidade só facilitou. Marconi hoje é o político brasileiro que mais inova nas redes sociais, virou uma marca reconhecida nacionalmente.
A campanha digital do tucano ainda tinha o suporte da empresa FSB, especializada em comunicação na internet e redes sociais, e de Paulo Henrique. A FSB organizava outra grande novidade da campanha de Marconi: os bate-papos virtuais com internautas, também conhecidos como hangouts.
Marconi recebeu secretários, lideranças da sociedade civil, deputados eleitos, também fez hangout ao lado da mulher, Valéria Perillo, e as filhas, e foi sabatinado pela jornalista Tereza Cruvinel. O governador respondia as perguntas feitas por internautas, e tudo era transmitido ao vivo pelo YouTube. Imaginar Iris Rezende fazendo o mesmo é uma cena surreal.
Nada disso daria certo se Marconi fosse um cidadão retrógrado e refratário à tecnologia. Marconi gosta de interagir com o eleitor internauta e na campanha de rua não hesitava em sacar seu iphone para fazer selfies e vídeo. O vídeo-selfie com Aécio Neves, postado no Facebook de Marconi, atingiu mais de 600 mil curtidas e teve repercussão nacional.
O Facebook também foi utilizado por Marconi para desafiar Iris Rezende. Foi lá que o governador chamou Iris a fazer uma campanha propositiva e sem ataques. O post foi compartilhado milhares de vezes e ganhou as páginas dos jornais e sites.
Rejeição
A atuação positiva e propositiva na internet contribuiu para que a rejeição a Marconi fosse reduzida, principalmente entre os jovens. Atuar em tempo real e com espontaneidade num ambiente dominado pela juventude fez o governador ser visto com bons olhos pela faixa etária que é maioria no mundo virtual. Monitoramentos internos da equipe de Marconi mostraram que o governador chegou a ter 90% de citações positivas nas redes sociais no segundo turno.
O Goiás rural e arcaico de 30, 40 anos atrás não existe mais. O discurso de Iris Rezende, onde até a palavra “mutirão” era citada, não seduz esse eleitorado e passa imagem de um político atrasado e distante da realidade do Estado que hoje é uma das forças do Brasil. Marconi, ao contrário, é visto como um político moderno e antenado com o desenvolvimento tecnológico que Goiás precisa dar continuidade.
Não foi só Iris Rezende que atolou em terras virtuais. Vanderlan Cardoso (PSB) e Antônio Gomide (PT) também ficaram devendo nas redes sociais e na comunicação com o eleitor que passa grande parte do seu tempo na internet. Os perfis dos candidatos de oposição não apresentaram novidades. O que se viu foi um modelo engessado e conservador e que em nenhum momento causou curiosidade em jornalistas, lideranças políticas e sociedade em geral. Caíram na mesmice e ninguém lembra se Vanderlan, Gomide e Iris tem Twitter, Facebook ou Instagram. Tudo muito protocolar e frio.
Família
A família de Marconi também atuou em sintonia na internet. A primeira-dama Valéria Perillo manteve seus perfis sempre atualizados e as filhas Isabella e Ana Luísa dialogaram com naturalidade com a juventude e a militância digital. O primeiro pronunciamento de Marconi sobre a vitória história foi ao lado da mulher e das filhas e gravado no celular.
Por fim, a assessoria de Marconi conseguiu se relacionar bem e de forma respeitosa com a imprensa, sabendo utilizar de forma inteligente a instantaneidade de sites e blogs para dar mídia ao trabalho do governador na campanha.
Aliado a tudo isso, uma grande militância digital que fez a diferença, aproveitando-se do material produzido pela assessoria de Marconi, que inundou as redes sociais com amplo domínio do tucano e de fatos, fotos e notícias favoráveis a ele.
Lição
A eleição deixa o legado de que fazer uma campanha hoje sem estar na rede social é quase que um suicídio político. Ter perfis nas redes sociais não fará ninguém vencer eleição, mas saber usá-los com inteligência e criatividade pode cativar um eleitorado que hoje quer políticos humanizados e conectados com o mundo moderno. Marconi mostrou que sabe fazer e deu mais uma aula para a oposição.