Mais uma façanha dos falsos patriotas

07 agosto 2025 às 19h50

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Enquanto o Brasil clama por avanços concretos em saúde, educação, segurança e desenvolvimento econômico, a Câmara dos Deputados foi, mais uma vez, refém de uma agenda política míope e oportunista.
A oposição decidiu travar a pauta legislativa como forma de pressionar pela votação do polêmico PL da Anistia, um projeto que, na prática, busca mais livrar o ex-presidente Jair Bolsonaro do que os outros envolvidos na tentativa de golpe.
Sob o pretexto de defender a democracia e o “direito à livre manifestação”, deputados da base bolsonarista e aliados recorreram à obstrução como ferramenta de barganha. Mas o que se vê, na verdade, é um ato de profundo desrespeito com o país.
Não há patriotismo em atrasar votações fundamentais. Não há moralidade em priorizar a blindagem de interesses próprios enquanto milhões de brasileiros aguardam soluções reais para problemas urgentes.
A obstrução, mecanismo legítimo dentro do regimento da Casa, ganha contornos cínicos quando é usada para impor uma pauta que nada tem de emergencial, muito menos de republicana. O PL da Anistia não é prioridade nacional. Nunca foi.
Trata-se de um projeto que tenta, por vias tortas, apagar rastros de ilegalidades e enfraquecer o sistema democrático. Em vez de promover transparência e fortalecer a confiança do eleitorado nas instituições, ele promove justamente o oposto, o acobertamento.
Enquanto os falsos patriotas entoam slogans e simulam heroísmo, projetos voltados à geração de empregos, combate à fome, reforma tributária, segurança pública e acesso à educação ficam em segundo plano. Isso não é só negligência. É sabotagem institucional.
A democracia exige debate, pluralidade e, sim, enfrentamento de ideias. Mas exige, sobretudo, compromisso com o interesse coletivo. Ao sequestrarem a pauta do Congresso para defender o indefensável, os obstrucionistas revelam que seu compromisso não é com o povo, e sim com os próprios aliados.
A sociedade brasileira, cada vez mais atenta, já começa a perceber quem, de fato, trabalha pelo país e quem apenas veste a fantasia de patriota para proteger privilégios. Que se registre mais esse episódio lamentável. Uma façanha, sim, mas daqueles que juram amar a pátria enquanto mancham os princípios mais elementares da vida pública.
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